Estamos finalizando o mês de setembro, o mês da campanha de prevenção ao suicídio. Mas é preciso prevenir o ano inteiro!
Embora a Campanha Setembro Amarelo, seja amplamente divulgada nos últimos anos, ainda é tabu falar sobre o assunto, pois muito ainda se desconhece e esse desconhecimento contribui para pré-conceitos, tais como “quanto mais se fala sobre suicídio, mas ele acontece”.
Penso ao contrário! É preciso oferecer conhecimento, abertura e acolhimento para que pessoas adoecidas não se sintam sozinhas ou se fechem em seu mundo sombrio, mas sim que possam falar, serem ouvidas, acolhidas e respeitadas.
Há estudos que afirmam que o suicídio não ocorre por um único fator, mas que um grande número está relacionado a algum transtorno mental. De acordo com a BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), “cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais”. Quando trazemos essa informação, já se imagina que estamos falando da depressão e realmente ela tem uma forte relação com ideação e a concretude do suicídio. Contudo, há outro transtorno que está ligado a ideação suicida, porém é pouco percebido como um fator de risco. É o transtorno de ansiedade generalizado
Estudos realizados na cidade de Piracicaba/SP indicaram que 23,3% das jovens grávidas apresentaram indicativo de ansiedade, 16,7% destas apresentaram ideação suicida. Os mesmos dados revelaram que pensar em suicídio aplica-se especialmente a um subgrupo que manifesta ansiedade (Freitas & Botega, 2002).
Outra pesquisa afirma que, em adolescentes de escolas públicas e privadas na cidade do Recife/PE encontraram-se dados estatísticos de 19,9% com indicativo de ansiedade e 34,3% com a ideação suicida e/ou tentativa de suicídio. Houve associação significativa de ideação suicida com grau moderado de ansiedade, assim como de tentativa e suicídio com sintomas de ansiedade (Jatobá & Bastos, 2007).
Por isso é imprescindível o autocuidado diário, mas também acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Pare de dizer que “vai passar”, “foi só uma vez”, “não preciso de ajuda”. Aquilo que você guarda, que finge não existir, está crescendo dentro de você.
Transtorno de ansiedade generalizado não é brincadeira!
Não faça uso de medicação sem indicação de um psiquiatra e não se restringe apenas ao tratamento medicamentoso. A medicação sozinha, não te capacita para lidar com o transtorno, não te dá ferramentas práticas para enfrentar uma crise de ansiedade.
Se você tem sentido que a ansiedade está presente quase todos os dias na sua vida, tem persistido e atrapalhado suas atividades diárias, saiba que não está só. Busque ajuda profissional.
O papel do profissional psicólogo não é ser mais um na sua vida a te aconselhar a ser forte, a dizer para aguentar ou a te julgar como fraco e sem fé. A psicologia é uma ciência, e cabe ao psicólogo te ouvir, te compreender, acolher e junto com você buscar estratégias de manejo da ansiedade, para que possa viver da melhor forma, dentro de sua realidade.
Toda tempestade passa, mas você não precisa segurar o guarda-chuva sozinho!
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