Bicampeão mundial com a seleção brasileira e um dos maiores atacantes da história do futebol mundial, Ronaldo Fenômeno anunciou oficialmente: irá se candidatar à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
A campanha oficial do ex-jogador deve ter início apenas em janeiro de 2025. A principal missão do Fenômeno é furar a ‘bolha’ das federações estaduais. Para isso, Ronaldo deve viajar o Brasil para conversar diretamente com os presidentes das entidades estaduais.
A missão do ex-artilheiro, evidentemente, será das mais árduas.
A tentativa de Ronaldo simboliza uma quebra do status quo vigente em um futebol brasileiro cada vez mais distante das grandes potências mundiais do esporte. Em especial, se falarmos de seleção brasileira.
Do que Ronaldo precisa para concorrer à presidência da CBF?
O mandato do atual presidente, Ednaldo Rodrigues, termina apenas em março de 2026. Até lá, Ronaldo pode ter tempo o suficiente para articular e efetivar sua ambição de ocupar a cadeira mais alta da entidade que rege o futebol brasileiro.
Pelas regras da CBF, Ronaldo precisaria do apoio de pelo menos quatro federações e quatro clubes. Se isso não acontecer, ele não conseguirá sequer entrar na disputa eleitoral.
A batalha do Fenômeno para virar cartola, aliás, já foi cumprida em outros países por outros ex-jogadores.
Ronaldo e o exemplo de Samuel Eto’o em Camarões
Um dos exemplos que Ronaldo pode seguir é o do ex-atacante, Samuel Eto’o, em Camarões. O ex-jogador de Real Madrid, Barcelona e Inter de Milão foi eleito presidente da Federação Camaronesa de Futebol (Fecafoot) em dezembro de 2021.
Após ele assumir o cargo, a seleção camaronesa ficou em terceiro lugar na Copa Africana de Nações, disputada em janeiro de 2022, e garantiu vaga na Copa do Mundo do mesmo ano. O time foi eliminado na primeira fase, mas registrou aspectos positivos no Catar.
Venceu a seleção brasileira na última rodada da fase de grupos e acumulou quatro pontos, repetindo o feito da Copa de 2002, na Coreia do Sul e Japão. No entanto, a equipe acabou não avançando para as oitavas de final.
Já Eto’o se envolveu em polêmica após o Mundial: ele teve o mandato na Federação, que seria de quatro anos, aumentado para sete anos. Desta forma, ficará no cargo até 2028, quando poderá concorrer à reeleição, que o manteria no cargo até 2035.
Chiqui Tapia e um exemplo para Ronaldo na vizinha Argentina
Outro exemplo que pode inspirar Ronaldo Fenômeno vem dos maiores rivais da seleção brasileira. O ex-jogador Chiqui Tapia quebrou uma hegemonia histórica na Associação Argentina de Futebol (AFA).
A entidade foi comandada por 35 anos por Julio Grondona, que morreu em 2014. Tapia foi eleito presidente em 2017 e, em 2020, foi reeleito para mais cinco anos de mandato, até 2025.
Ele ainda poderá concorrer a uma nova reeleição ao final do período.
Antes da seleção argentina, Tapia foi presidente do modesto Club Atlético Barracas Central. Ele começou a ganhar evidência após se casar com Paola Moyano, filha de Hugo Moyano, presidente do Independiente e importante líder sindical na Argentina.
Sob a gestão de Tapia, a Argentina conquistou, finalmente, o histórico tricampeonato mundial, ao vencer a Copa do Mundo 2022, disputada no Catar.
Michel Platini e as ambições em UEFA e Fifa
Outro ex-jogador de renome mundial que acabou enveredando para o lado político do esporte foi o ex-craque francês, Michel Platini.
Após a aposentadoria dos gramados, Platini se tornou espécie de pupilo do então presidente da Fifa, Joseph Blatter. Em 2007, Platini foi eleito presidente da UEFA. A eleição de Platini foi festejada por parte do mundo do futebol.
Entretanto, a trajetória política de Platini não terminou bem. Em maio de 2016, ele se demitiu da presidência da UEFA, após o Tribunal Arbitral do Esporte ter decidido pelo seu afastamento, por quatro anos, de todas as atividades ligadas ao futebol.
A punição decorreu do envolvimento de Platini em escândalo motivado pelo recebimento de R$ 1,8 milhão de euros, em 2011, recebidos de Joseph Blatter, após um suposto acordo de consultoria para Fifa. O acordo não envolveu contratos e fugiu às normas das entidades.
Em 2019, Platini chegou a ser detido por autoridades francesas, por suspeita de corrupção na designação da Copa do Mundo de 2022 ao Catar, mas acabou sendo liberado após interrogatório.
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