Não ter ódio, nem rancor, nem desejo de vingança, é perdoar sem segunda intenção e incondicionalmente o mal que nos fez, sem pôr qualquer obstáculo à reconciliação, e desejar-lhe o bem e não o mal, alegrar-se em lugar de afligir-se do bem que lhe acontece; é estender-lhe a mão caridosa de necessidade abstendo-se, por palavras e atos, de tudo que possa prejudicá-lo; é enfim, pagar sempre o mal com o bem, sem ideia de humilhá-lo. Quem fizer isto realiza as condições do mandamento: “Amai aos vossos inimigos”. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo…
Se alguém te ferir na face direita, apresenta-lhe a outra. Para o orgulhoso, esta máxima parece covardia, porque ele não compreende, que há mais coragem em suportar um insulto, que em se vingar. O próprio instinto de conservação, que é uma lei da natureza nos diz que não devemos entregar de boa-vontade o pescoço ao assassino. Só a fé na vida futura e na justiça de Deus, que jamais deixa o mal impune, pode incutir energia para suportar pacientemente os golpes vibrados em nossos interesses e ao amor-próprio.
A vingança é o indício certo do atraso dos homens, que se lhe entregam. Vingarse, bem sabeis, vai de encontro à prescrição do Cristo quando ordenou perdoar aos inimigos, que aquele que se recusa a perdoar, não somente não é espírita, como nem mesmo é cristão.
O ódio interrompe as mais altas e belas aspirações do espírito humano, conduzindo-o aos sombrios corredores sem paz, rompendo os laços de amor. É reação do primitivismo animal, instinto em trânsito para a inteligência, que ainda não pôde superar as expressões dos começos passados.
Todavia, na maior parte das vezes, o ódio é o gérmen do amor eu fui sufocado e desvirtuado por um coração sem Evangelho. O Cristo, por quem nós devemos modelar deu-nos o exemplo desse devotamento de amar uns aos outros e sermos felizes. O sacrifício que nos força a amar os que nos ultrajam e perseguem é penoso, mas é isso precisamente o que nos tornará superiores a eles.
Enquanto correr na Terra uma gota de sangue causada pela mão dos homens, o Reino de Deus ainda não terá chegado, reino de pacificação e de amor, que há de banir inteiramente para sempre do nosso globo a animosidade, a discórdia e a guerra.
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