Quatro homens, entre 21 e 25 anos, foram presos pela Polícia Civil, no Barreiro, em Belo Horizonte, sendo que três deles são suspeitos de sequestrar, torturar e matar um homem de 49 anos, após receberem uma falsa denúncia de que ele teria cometido um estupro contra uma menina em 23 de junho do ano passado. E dois deles foram, também, autuados em flagrante por tráfico de drogas.
O quarto homem, que não tem ligação com o crime, foi preso durante os trabalhos policiais, já que foi constatado que havia um mandado de prisão em aberto contra ele.
Segundo o delegado Matheus Marques, que comandou as investigações, a vítima estava dentro de casa com o irmão, quando os suspeitos bateram na porta, chamando por ele. Eles estavam num veículo de cor prata.
A vítima, ao abrir a porta, foi agarrada e arrastada para dentro do carro. “Os indivíduos pegaram ele à força e o levaram para um beco, onde o espancaram e o torturaram. Ele foi amarrado com peças de roupas infantis”.
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O delegado acrescentou que “essa é uma mensagem que a organização criminosa local quer passar para a sociedade, que eles não toleram esse tipo de crime. Só que não dão direito ao contraditório. Eles tomam conhecimento do fato, já condenam e executam a pena”.
O delegado Matheus Marques conta que as apurações iniciaram com a localização do corpo, com dois disparos de arma de fogo e sinais de espancamento, no interior de uma mata, abaixo do pontilhão da linha férrea, no Barreiro.
Os investigadores apuram que a motivação do crime seria um suposto abuso sexual contra uma criança, e que o crime teria sido ordenado e cometido pelo pai da criança, que seria traficante na região.
Os envolvidos no crime têm várias passagens pela polícia. “Eles formam, na verdade, uma organização criminosa, responsável pelo tráfico de drogas local, e como a gente sabe, exercem um poder paralelo, que foi justamente a motivação do crime objeto do cumprimento dos mandados”, concluiu o delegado.
Segundo o delegado, a mãe da criança teria contratado uma babá para deixar a filha. No terceiro dia que essa criança estava com a babá, a mãe falou que não precisaria mais do serviço e falou que a filha estava com comportamento estranho.
“Ela levou a criança até o hospital para fazer os exames. Foi constatado posteriormente que não houve abuso sexual pela perícia, só que ela, naquele calor da emoção, começou a falar que haviam abusado da criança, atribuindo culpa a um homem grisalho. Tal indivíduo era justamente o irmão da babá. Segundo ela (babá) não houve nenhum contato, ele não chegou a estar presente no mesmo local da criança”, ressalta o delegado.
Os suspeitos responderão por homicídio qualificado em razão da tortura e impossibilidade de defesa da vítima. Outros dois envolvidos continuam sendo procurados.
Alerta
A chefe do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegada Alessandra Wilke, faz um alerta sobre a divulgação precoce de crimes dessa natureza. “Temos que ter muito cuidado em afirmar, sem ter comprovação, de que houve ou não um abuso sexual, um estupro. Por isso que a gente só pode falar quando há comprovação.”
A delegada ainda acrescenta que esse é o segundo caso de homicídio recente ocorrido após a atribuição de culpa prematura de crime sexual. “O outro foi de um senhor que foi espancado e queimado, no Alto Vera Cruz. Na ocasião, uma mulher alegou que esse senhor teria cometido abuso e, depois, se apurou que não houve abuso nenhum. Então é muito sério a gente falar, ainda sem comprovação, desse tipo de situação. São dois homicídios recentes, fora outros casos, que a pessoa é acusada de um estupro, de um abuso, e depois descobre que não teve nenhuma relação e foi vítima de homicídio.”
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