Trinta dias da uma fuga que começou com a escapada cinematográfica de um presídio de segurança máxima. Deibson Cabral Nascimento, de 33 anos, e Rogério da Silva Mendonça, de 35, driblam, desde 14 de fevereiro, as autoridades policiais — que contam com aproximadamente 500 homens na caçada que tornou a pacata região da fronteira potiguar com a cearense um local de tensão e medo. Os dois foragidos são criminosos de alta periculosidade e, até agora, os policiais recolheram poucos indícios da direção que estariam seguindo.
Deibson e Rogério foram transferidos para Mossoró em 2023, depois uma rebelião na penitenciária Antônio Amaro Alves, em Rio Branco (AC). Ambos integram o Comando Vermelho e respondem a mais de 30 processos por homicídio, roubo, tráfico de drogas e organização criminosa.
A fuga tem requintes de roteiro cinematográfico em função da forma como foi realizada: eles utilizaram um alicate furtado da reforma no presídio para desbastar a caixa que embute a luminária das celas, que são individuais. Mas isso não foi suficiente: Deibson e Rogério tiveram de perder peso para passarem pelos buracos, e chegar a um setor da construção que lhes permitiu escapar.
Somente no dia seguinte é que os agentes penitenciários perceberam as fugas. Desde então, quatro diretores foram afastados e as autoridades têm duas suspeitas: uma, de que Deibson e Rogério tiveram ajuda de dentro da prisão para escapar; outra, que eles não foram alcançados até agora porque contam com numa rede que lhes encobre os passos.
Desconforto
Mas, independentemente do sucesso da fuga — por ora — e do fracasso das buscas, a escapada causa desconforto ao governo federal, que teme a utilização do episódio por adversários políticos — sobretudo os bolsonaristas. Afinal, a governadora Fátima Bezerra é petista e, em outubro, haverá eleições municipais. Os apoiadores do ex-presidente pretendem avançar no Nordeste a fim de, em 2026, equilibrarem as forças na região, que em 2022 deu a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo Palácio do Planalto.
Para evitar a exploração política da fuga, o governo federal tem procurado salientar que não tem poupado esforços ou recursos na ação de recaptura. Na quarta-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, voltou ao Rio Grande do Norte e fez um balanço da operação.
“A investigação efetuou sete prisões de suspeitos de colaborarem com os fugitivos, e apreendeu dois veículos. Temos algumas outras ações previstas, com autorizações judiciais, que estão sendo desenvolvidas”, afirmou.
(Colaborou Marina Dantas, estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi)
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