O título dessa coluna é uma pergunta genuína, não uma cobrança ou julgamento. Por que o presidente do Athletico, Mario Celso Petraglia, ainda não pediu desculpas à torcida pelo rebaixamento do clube no ano de seu centenário?
O Furacão consumou seu destino no fim da tarde de 8 de dezembro, em Belo Horizonte, ao perder do Atlético-MG na Arena MRV. Bastava vencer para evitar o descenso. Assim como somente um empate com o Red Bull Bragantino, três dias antes, na Ligga Arena, salvaria o time da queda.
Em 10 de dezembro, o site oficial do Athletico publicou uma carta aberta torcedor, assinada como ‘A Direção’. O texto abre assim:
Antes de tudo, é preciso pedir desculpas pelo triste resultado esportivo de 2024.
O descenso do Athletico Paranaense é doloroso e digno de toda lamentação, pois esta Instituição se tornou nas últimas décadas sinônimo de grandeza e orgulho para todo o povo paranaense e sua fanática torcida.
Apesar de fazer parte da vida competitiva e esportiva o ganhar e perder, não é fácil absorver e entregar este decepcionante resultado para todos vocês, que assim como nós, amam e vivem diariamente este Club. É necessário com muita humildade reconhecer que muitos erros foram cometidos, mas também é fundamental refletir sobre eles e aperfeiçoar nosso caminho para o futuro.
Relendo o texto, muito se fala do futuro do clube e se exalta os milhões investidos no futebol. Pouco se admite que o planejamento da temporada foi equivocado e que, internamente, o Athletico leva o futebol com assustador amadorismo em determinados cargos e funções.
Outro trecho da carta ao torcedor cita o seguinte:
Infelizmente, pelo imponderável da bola e pela incerteza inerentes a cada contratação, não acertamos.
Qualquer torcedor consegue apontar mais de uma centena de falhas no Athletico de 2024. Não ouvi nenhum deles apontar o “imponderável da bola” como desculpa.
Pessoalmente, acho piada um clube cujos lemas são ambição, entusiasmo, rebeldia e inovação – os tão ostentados Quatro Ventos do Furacão – usar esse tipo de artifício para encobrir os próprios vícios.
O imponderável é incompatível com profissionalismo. O imponderável não rebaixa ninguém, a incompetência, sim.
Se Petraglia – mesmo fora da rotina do clube na grande maioria do ano por questões de saúde – não deixou o posto de presidente e também não foi capaz de delegar ou fazer um sucessor (e confiar nele), é dele que o pedido de desculpas deve vir. Pessoalmente.
É de Mario Celso Petraglia, o cara que liderou a mudança de patamar do clube, que transformou a história atleticana, que a torcida precisa ouvir uma retratação. Já se passaram 23 dias da queda. Será Petraglia capaz de se desculpar de verdade?
O grande problema é que, aparentemente, as mudanças dentro do Athletico serão apenas estéticas. Nada vai ser profundamente alterado e, no fim das contas, a culpa ficará mesmo no imponderável e em contratações que não surtiram efeito. Como sempre. E ouse alguém dizer algo diferente dentro do Conselho Deliberativo.
Deixe um comentário