O Brasil enfrenta a terceira onda de calor do ano. Uma massa de ar quente vinda do Paraguai e da Argentina provocou, nesta semana, uma elevação de temperatura em parte do país, especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Rio de Janeiro, as temperaturas bateram, neste domingo, mais um recorde: a sensação térmica chegou a 62,3°C na estação de Guaratiba, na Zona Oeste do município.
O recorde anterior havia sido a sensação de 60,1°C, no sábado. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), pelo menos cinco estados registraram temperaturas máximas 5°C acima da média: Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
No Distrito Federal, a previsão é de que a temperatura fique de 3°C a 4°C acima da média, nesta semana. De acordo com o meteorologista Cleber Sousa, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), hoje a manhã deve ser ensolarada, com muitas nuvens e pancadas de chuva no período da tarde. A temperatura vai estar entre 19°C e 32°C, com umidade do ar girando em torno de 35% a 40%. “Serão chuvas passageiras e isoladas com a temperatura subindo um pouco gradativamente no decorrer do dia”, explica.
A bolha de calor que atinge o país ocorre quando uma área de alta pressão permanece no mesmo lugar por dias ou semanas, prendendo o ar quente. Essas massas de ar quente se expandem pela atmosfera, formam uma cúpula e desviam frentes frias. Com isso, os estados estão batendo recordes de temperatura para março neste fim do verão, principalmente no centro-sul do país.
Os termômetros da capital paulista registraram 34,7°C neste fim de semana. Essa foi a temperatura máxima da cidade para o mês de março desde o início da série histórica do Inmet, iniciada em 1943. A temperatura supera a máxima registrada anteriormente de 34,3°C, que foi medida em 14 e 15 de março deste ano e em 1º de março de 2012.
Em Minas Gerais, a maior temperatura registrada em Belo Horizonte chegou na casa dos 35°C, a mais alta do estado neste ano, até o momento. Mais de 300 municípios estão sob alerta devido às altas temperaturas. Em Itabira, a máxima chegou a 37ºC.
Explicação
A onda de calor está relacionada ao fenômeno El Niño, de aquecimento das águas do Oceano Pacífico, e também ao aquecimento global do planeta. Para Carlos Sanquetta, Ph.D. em ecologia e manejo de recursos naturais e integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), o fenômeno está sendo agravado pelas mudanças climáticas oriundas das ações humanas.
“Alguns estudos já indicam a ligação entre o aumento na frequência e intensidade dos efeitos dos fenômenos como El Niño e as mudanças climáticas causadas pela elevação das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera”, destacou o pesquisador.
“Alguns estudos já indicam a ligação entre o aumento na frequência e intensidade dos efeitos dos fenômenos como El Niño e as mudanças climáticas causadas pela elevação das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera” Carlos Sanquetta, integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
De acordo com Sanquetta, “a onda de calor é mais um duro lembrete da crise climática e da nossa responsabilidade em relação a ela”. “Redução das emissões de gases de efeito estufa, remoção do excesso desses gases já presentes na atmosfera e ações de adaptação às mudanças do clima são imperativas e não podem mais ser adiadas”, alertou.
A previsão é de que a onda de calor se estenda até quarta-feira, com a virada para o outono. Uma frente fria que chega ao país no mesmo dia causará tempestades no Sul do país, especialmente no Rio Grande do Sul. São esperadas rajadas de vento acima dos 70km/h, com a possibilidade também de queda de granizo.
As chuvas serão provocadas por novas áreas de instabilidade que se deslocam da fronteira do Uruguai. De acordo com o Inmet, os acumulados de chuva nos próximos dias podem superar os 200mms em áreas do centro e centro-oeste do Estado, e acima dos 100mm nas demais regiões e entre Santa Catarina e o Paraná. Em algumas capitais, pode haver queda brusca de temperatura.
Depois de uma temporada de superaquecimento, as águas do Pacífico devem ficar mais geladas do que o normal. Em meados de junho, o fenômeno El Niño será substituído por seu oposto, La Niña, que causará chuvas acima da média em parte da região Norte, na Bahia e em Minas Gerais. Na região Sul, que registrou enchentes recordes em algumas localidades influenciadas pelo El Niño, as chuvas agora devem ficar abaixo da média.
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