Com as chuvas diminuindo no Rio Grande do Sul, o nível do rio Guaíba diminui aos poucos. As informações da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do estado (Sema-RS) apontam que o lago chegou aos 5,21 metros, às 13h desta terça-feira (14/5) e se estabilizou em 5,19 até a última medição, nesta quarta-feira (15/5) às 11h . Na segunda-feira (13/5), a marca estava em 5,05 metros. Os últimos dados do Serviço Geológico do Brasil mostram que seis, dos oito principais rios e lagos do estado estão acima da cota de inundação, incluindo Guaíba e Lagoa dos Patos.
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Um dos principais corpos hídricos do estado do Rio Grande do Sul, o Guaíba está localizado na região metropolitana de Porto Alegre e tem a função econômica de abastecer a cidade. Nas últimas semanas, as chuvas aumentaram o volume das águas e o estado passou a enfrentar a pior tragédia climática da história. O lago recebe as águas dos rios Jacuí, Taquari, Sinos, Caí e Gravataí, muitos deles permanecem acima da cota de inundação.
O professor de ecologia da Universidade Federal de Rio Grande (UFRGS), Marcelo Dutra, explica que as enchentes devem continuar ainda por algum tempo. “O evento ainda continua em curso, não cessou. Não conseguimos prever o quão alto os rios podem chegar, vai depender do quanto vai chover, o tempo está mudando muito rápido. Podemos ter mais chuvas e as águas subirem, além da presença de vento muito forte que impede a água de ir embora. O que dá para dizer com toda a certeza é que o evento continua em curso e que não dá para a gente descansar”.
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A previsão de chuvas pode prejudicar a diminuição do volume dos rios, explica o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), Anderson Ruhoff. “Os modelos de previsão não indicam um volume muito alto de chuvas, mas mesmo que em volumes menores, as chuvas retardam a recessão do rio. A altura dos rios continuam sendo um problema para o Rio Grande do Sul com essas precipitações”, detalha.
Níveis em outros rios do estado
O rio Jacuí está na marca dos 13, 90 metros, nesta quarta-feira às 8h na cidade de Rio Pardo, e ainda marca quase o dobro da sua cota de inundação de 7,5 metros. O rio percorre o estado por 800 km e desemboca no delta do Jacuí, um conjunto de ilhas, canais e pântanos que compõem o Guaíba. O Jacuí corresponde a 84,6% da água do lago Guaíba.
A cidade de Eldorado do Sul localiza-se na região metropolitana de Porto Alegre e é banhada pelo rio Jacuí. A cidade enfrenta graves inundações e, segundo o banco de dados da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, cerca de 80% da população é afetada diretamente pelas enchentes. A cidade tem uma população de 39,56 mil e 32 mil pessoas já foram prejudicadas pelas chuvas.
O rio Taquari, por sua vez, faz parte de 37% da bacia do caí e nasce entre os distritos de Santa Bárbara e São Valentim do Sul, onde o curso d’água é chamado de Antas. O Taquari chegou a registrar mais de 33 metros no último dia 2 e bateu o recorde anterior, de 30 metros, atingido em 1941. Taquari diminuiu 3 metros de ontem para hoje nas duas cidades de medição. A altura e marca 7,84 metros na cidade de Muçum e na cidade de Estrela marcou as 22h de ontem 18,66 metros.
O rio dos Sinos nasce no município de Caraá, litoral norte gaúcho. Ele percorre 32 municípios por volta de 190 km até desembocar no delta do Jacuí, seus principais afluentes são os rios Rolante e Paranhana. A cota de inundação está ultrapassada em 3 metros, com o total de 7,02 metros de altura, a medição foi feita na cidade de São Leopoldo.
A cidade de São Leopoldo é uma das mais afetadas pelas cheias do rio dos Sinos, desabrigando mais de 100 mil pessoas. Segundo a prefeitura da cidade, 180 mil pessoas foram afetadas pelas enchentes, de uma população de 220 mil, e a cidade corre outro risco de inundação. A prefeitura fechou, no dia 3 de maio, todas as pontes de acesso ao município devido aos alagamentos na região central e na zona norte da cidade, apenas a ponte na Rodovia BR-116 teve seu tráfego liberado no último sábado (11).
Já o rio Gravataí nasce na região de Proteção Ambiental do Banhado Grande e deságua no delta Jacuí. Na cidade de Passos das Canoas, o Gravataí se estabilizou em 5,83 metros nas últimas 48h, mas permanece mais de um metro acima da cota de inundação de 4,75 metros.
O rio Caí é um dos rios pertencentes à bacia do Caí, que localiza-se na região hidrográfica do Guaíba. O rio também deságua na região do delta Jacuí e abastece o lago Guaíba. Em Feliz, o rio abaixa lentamente e marca 3,69, nesta quarta-feira às 12h, uma diminuição de 1 metro comparado ao mesmo horário desta terça-feira. Já em São Sebastião do Caí, o rio diminuiu mais de 2 metros desde nesta terça-feira e registrou 7,84 metros às 11h, os dois pontos estão em cota de alerta.
Complexa formação hídrica do estado do Rio Grande do Sul
Lagoa dos Patos é a maior lagoa do Brasil, localizada na costa leste do estado e com 60 quilômetros de largura, tendo o Guaíba como seu principal corpo hídrico. A lagoa abrange diversos municípios, incluindo a capital do estado, Porto Alegre. Nos últimos dias, a cheia gerada pelas chuvas no sul do Rio Grande do Sul preocupa boa parte do estado, com 2,6 metros de alta, mais de 100% acima da cota de inundação.
As cidades que percorrem a Lagoa dos Patos devem sofrer inundações nos próximos dias, segundo o professor Marcelo. “Toda aquela água acumulada lá em Porto Alegre no Guaíba precisa chegar até a Lagoa do Patos e vai cair nas cidades ao redor, como Pelotas e Rio Grande. Então, vamos presenciar um aumento grande do volume das águas nos municípios ao redor”, explica.
Rio Uruguai, único que não desemboca no Guaíba, é formado pela junção dos rios Canoas e Pelotas, sua nascente é na Serra Geral no Paraguai. Na medição feita na cidade de Uruguaiana, nesta terça-feira, foi detectado o nível da água 3 metros acima da cota de inundação, porém, a detecção em Garruchos mostrou que o rio estava 2,5 metros abaixo da cota.
Dutra comenta sobre o processo de reconstrução do estado e diz que muitas cidades que foram alagadas terão que mudar de lugar. “Precisaremos de possivelmente uns quinze anos para reconstruir tudo novamente e algumas cidades têm que mudar de lugar ou, pelo menos uma parte delas, ser reconstruída longe de áreas de risco. O esforço de reconstrução precisa vir seguido de prevenção e adaptação às mudanças climáticas”.
*Estagiários sob supervisão de Ronayre Nunes
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