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Ministério aplica R$ 55 milhões contra hanseníase

Marina Dantas*

No mês que marca a conscientização e o combate à hanseníase, o Ministério da Saúde anunciou que investirá cerca de R$ 55 milhões na prevenção e no tratamento da doença. Desse montante, R$ 50 milhões serão destinados a 955 municípios considerados locais de alta presença da enfermidade — onde há o registro de mais de 10 casos por 100 mil habitantes.

O investimento é em função do grande número de casos registrados no país. De acordo com o Painel de Monitoramento de Indicadores da Hanseníase, entre janeiro e novembro de 2023 foram confirmados 19.129 casos — um aumento de 4,8% em relação ao ano anterior.

Já o Boletim Epidemiológico de Hanseníase de 2024, divulgado ontem pelo ministério, confirmou o crescimento do número de registros da doença, algo que colocou o Brasil, em 2022, em segundo lugar no ranking mundial em número de novos casos, atrás apenas da Índia.

A infectologista Naíra Bicudo considera que a grande presença da hanseníase está associada a questões sociais ligadas à pobreza — como o acesso precário à moradia, à alimentação, aos cuidados de saúde e à educação. “É uma doença antiga, que apesar de ter tratamento e ser curável, ainda permanece endêmica em várias regiões do mundo. O atraso no diagnóstico faz com que a doença permaneça em transmissão entre os acometidos pela hanseníase não tratados e com alta carga bacilar”, explica.

A hanseníase, porém, tem cura, apesar dos indicadores negativos que vêm sendo mostrados. Dados do Painel de Monitoramento da Hanseníase apontam a redução de 9,3% nas médias de cura, passando de 84%, em 2013, para 76,2%, em 2022. Todas as regiões brasileiras apresentaram diminuição na proporção de cura, com maior redução no Centro-Oeste — queda de 13,7%.

De acordo com o infectologista Manuel Renato Retamozo, a importância do tratamento vai além da saúde pessoal — deve ser uma questão que envolva toda a sociedade, apesar do preconceito que cerca a hanseníase. “É importante que o paciente siga rigorosamente o tratamento prescrito para poder garantir uma cura completa”, adverte o especialista.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

 

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