A média anual de mortes de indígenas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi 32,5% maior (3.816 óbitos) do que a registrada nos nove anos anteriores, quando foram contabilizadas média anual de 2.879 mortes. Apenas em 2019, primeiro ano da gestão bolsonarista, 4.066 indígenas perderam a vida, o que representa o número mais alto da série histórica. Os dados foram obtidos pela organização Fiquem Sabendo, via Lei de Acesso à Informação (LAI).
A Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) forneceu informações desde janeiro de 2010 — momento em que foi criada. De lá até o último óbito com informações disponibilizadas pela secretaria — que foi o falecimento de uma criança de menos um ano em território Yanomami em junho do ano passado — foram registradas 42.898 mortes de povos originários no país, sendo que 35,5% delas foram no governo Bolsonaro.
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Das 15.264 mortes ocorridas entre 2019 e 2022, a principal causa de óbitos foi a pneumonia não especificada, representando 535 casos ou 3,5% do total. Em seguida, aparece infecção por coronavírus, com 525 casos ou 3,4% do total, e outras mortes súbitas de causa desconhecida, com 455 casos ou 3%.
Segundo a Sesai, existem 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas pelo Brasil. Cada distrito possui um conjunto de equipamentos que permite a realização do atendimento de casos simples, ficando as ocorrências de alta complexidade a cargo de hospitais regionais.
O contato forçado com pessoas não-indígenas e o fato de que muitas comunidades vivem em locais remotos de difícil acesso agravam a saúde indígena no Brasil. É o caso do povo Yanomami, que é assolado pela malária e por condições como desnutrição e contaminação causadas pelo avanço do garimpo ilegal no território. Dados do Ministério da Saúde apontam que foram registradas 308 mortes de ianomâmis em 2023. No ano anterior foram 343 mortos.
O Correio tenta contato com Bolsonaro, por meio da assessoria do PL, mas ainda não obteve reposta. O espaço segue aberto para comentários.
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