Reconhecida pela Fundação Bill & Melinda Gates como uma das dez pessoas que fizeram a diferença no mundo, em 2024, a secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Lilian Rahal, tem como sua principal bandeira promover o combate à fome por meio da alimentação saudável. Graduada em ciências sociais e mestre em sociologia, ela é servidora pública federal da carreira de especialista em políticas públicas e gestão governamental. Ao Correio, a secretária destacou o protagonismo do Brasil em relação ao tema e revelou o planos do governo federal em lançar, no G20, uma aliança global contra a pobreza.
“O objetivo da Aliança Global é compartilhar experiências de programas com ideias bem-sucedidas para o combate à fome e à pobreza. Tem um grupo de temas pré-definidos e a ideia é fazer o compartilhamento entre alguns países dentro desses temas e, com isso, já iniciar a troca e o compromisso com alguns países, principalmente, de financiamento para dar sequência à implementação da Aliança”, disse.
Qual a importância de receber o reconhecimento da Fundação Bill & Melinda Gates?
É o reconhecimento da agenda do governo brasileiro, em favor da segurança alimentar, é referência para o mundo todo. O governo tem trabalhado, de forma exemplar, para que outros locais possam olhar e ver que a experiência brasileira pode dar certo em outros lugares também. A forma como o Brasil tem governança de segurança alimentar, contempla todas essas dimensões da área de produção, acesso e consumo de alimentos. A ideia é dar visibilidade a programas e ações que venham sendo bem-sucedidas para resolver determinados problemas e podem ser compartilhados com outros países e outras situações. Então, é dar visibilidade para soluções possíveis para os problemas que a gente tem em relação ao pobre, à saúde, ao bem-estar e à segurança alimentar.
A Fundação deu destaque à questão da agricultura familiar aliada à política de combate à fome. Como essa colaboração ocorre nas políticas públicas do governo?
Dentro da agenda de segurança alimentar do governo brasileiro, temos várias ações de agricultura familiar, do nosso ministério e do Ministério do Desenvolvimento Agrário, toda agenda de crédito e compras. As dimensões da agricultura familiar podem fomentar a produção e disponibilização de alimentos saudáveis para a população de preços acessíveis. O governo também tem outros programas, como o próprio Bolsa Família, a alimentação escolar, que dá acesso a refeições para as crianças, até a agenda de consumo, como na reforma tributária – que foi a discussão da cesta básica, de ter taxação maior para bebidas adoçadas.
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O Brasil chegou a sair do Mapa da Fome, em 2014, mas voltou a alcançar patamares altíssimos na última gestão federal. Desde que o presidente Lula voltou à Presidência, essa tem sido uma das principais bandeiras do governo. Como esse momento é visto internacionalmente?
As pessoas têm expectativas muito grandes em relação a isso, já que, muito rapidamente, movemos as políticas públicas em favor da redução da pobreza e da fome. Isso mostra o quanto fazer políticas públicas acertadas pode ser eficiente — veja o que aconteceu com o Bolsa Família, em 2018. É importante apostar nessa rede de proteção social, de assistência social, para que possamos atender as pessoas, encaminhar e ter um conjunto de políticas públicas efetivas e que fazem a diferença no dia a dia da população, para a garantia da segurança alimentar. É um conjunto de políticas de diferentes dimensões e, claro, importa para isso também o crescimento do país, a ampliação de emprego e valorização do salário mínimo.
Então, a atuação do Brasil no combate à fome é vista como positiva pelos outros países?
O país está lançando, no âmbito do G20, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que vai acontecer oficialmente em novembro. A ideia é colocar algumas ações na rua. O objetivo da Aliança Global é compartilhar experiências de programas com ideias bem- sucedidas para o combate à fome e à pobreza. Temos um grupo de temas pré-definidos e a ideia é fazer o compartilhamento entre alguns países dentro desses temas e, com isso, iniciar a troca e o compromisso com alguns países, principalmente, de financiamento para dar sequência à implementação da Aliança. Sairá no lançamento com algumas experiências sendo compartilhadas. Isso está sendo construído. O Brasil tem uma rede de cooperação Sul-Sul muito forte, talvez o mais famoso seja a experiência da alimentação escolar – com mais de 70 países.
O presidente Lula tem feito pedidos internacionalmente para que os países ricos disponibilizem mais ajuda para combater a fome, a pobreza e a crise climática. Você acredita que isso tem funcionado?
É uma ideia dele colocar um problema que temos mundial e endereçar isso aos países mais ricos para saber de que forma a gente poderia ter um mundo menos desigual, ele está muito focado nessa ideia da desigualdade, de como poderia trabalhar para a redução da desigualdade. Ele tem colocado, estrategicamente, alguns temas nos discursos, um deles, é qual o caminho que a gente, como sociedade, poderia trilhar para ter um mundo menos desigual.
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