A Polícia Civil do Rio Grande do Sul abriu inquérito para apurar se houve crime no incêndio que destruiu, na madrugada de ontem, uma pensão em Porto Alegre. Dez pessoas morreram e pelo menos 15 ficaram feridas no fogo que consumiu a pousada Garoa, que fica no bairro Floresta, destinada a moradores em situação de vulnerabilidade social. É o segundo maior incêndio da capital gaúcha — o primeiro é o das lojas Renner, em 27 de abril de 1976, que deixou 41 mortos.
A pensão é uma das administradas pela empresa Garoa, cujo dono, André Luís Kologeski, acusou o incêndio de ser criminoso. “Colocaram fogo. Temos a documentação exigida, (a hospedagem é) toda regularizada. Estaremos providenciando o envio à prefeitura”, afirmou, rebatendo as acusações de que o funcionamento do local era irregular.
Porém, esse não é o primeiro incêndio a atingir uma das pensões do grupo. Em 2022, um homem morreu e 11 pessoas ficaram feridas devido às chamas que consumiram a pousada que fica na Rua Jerônimo Coelho, no Centro da capital gaúcha. Além desta e da que pegou fogo ontem, a Garoa é dona de mais duas pensões no bairro São João.
As chamas foram percebidas por volta das 2h e, às 5h, estavam controladas. A hospedagem funciona num prédio de quatro andares, no qual pelo menos 30 pessoas moravam. Depois que os bombeiros debelaram o incêndio, encontraram dois mortos no primeiro pavimento. No segundo, acharam mais cinco e outros três no terceiro. Os corpos estavam calcinados.
Testemunha da tragédia, Joneisa Garcia afirmou à TV RBS que socorreu um dos moradores, que pulou do terceiro andar para fugir do incêndio. “Era muito fogo. Estava indo para casa e, quando chegamos na esquina, tinha um rapaz muito machucado. Disse que se atirou do terceiro andar”, relatou.
Reações políticas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a tragédia, em publicação no X (antigo Twitter). “Com tristeza e preocupação soube da morte de ao menos 10 pessoas, em incêndio em uma pousada de Porto Alegre. O estabelecimento acolhia pessoas em situação de vulnerabilidade”, anotou.
O ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, observou: “Triste maneira de começar o dia, com a notícia do segundo maior incêndio da história de Porto Alegre, que levou à perda de pelo menos 10 vidas em uma pousada que acolhia pessoas em situação de vulnerabilidade social”.
Também pelo X, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, se manifestou sobre o episódio. “A prefeitura trabalha para acolher os moradores e apoiar a investigação dessa tragédia. Estamos decretando luto oficial de três dias”, afirmou.
Já a deputada federal Daiana Santos (PSol-RS) classificou a tragédia, em publicação também no X, como resultado da “negligência”. “Nove (na verdade 10) pessoas morreram, sendo que oito corpos estavam completamente carbonizados. O local não possui alvará nem Plano de Proteção Contra Incêndio (PPCI)”, acusou. A também deputada federal Fernanda Melchionna (PSol-RS) usou as redes para frisar as mesmas supostas dificuldades — falta de permissão para funcionar e protocolo para debelar o fogo. Outra parlamentar, a deputada Érika Hilton (PSol-SP), salientou que “é revoltante uma pousada sem alvará de incêndio não apenas funcionar normalmente, mas ser mantida com dinheiro da Prefeitura”.
O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) foi outro que comentou o episódio: “Este trágico evento ressalta a importância das medidas de segurança adequadas em estabelecimentos comerciais”, publicou no X. Outro senador, Paulo Paim (PT-RS), salientou: “Estou chocado com a notícia da morte de 10 pessoas em um incêndio em uma pousada em Porto Alegre. Que o caso seja investigado profundamente”, cobrou.
Também senador, Hamilton Mourão (Republicanos-RS) recorreu ao X para afirmar: “É necessário apurar, com urgência, as circunstâncias do incêndio que levou a óbito 10 pessoas em situação de vulnerabilidade em uma pousada no centro de Porto Alegre”, publicou.
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