Para o professor, a postura do movimento bolsonarista extrapola a polarização.
Não é um movimento polarizador. A polarização é a essência da política. Eu sou de esquerda, você é de direita, ocupamos polos diversos e precisamos, com argumentos, convencer o eleitorado. E ao chegar ao poder, não impomos 100% da nossa visão do mundo. Negociamos, fazemos concessões, dialogamos.
Mas se eu digo que o que eu defendo é guerra cultural, não é mais polarização. Esse é um grave erro que cometemos e naturalizamos. É uma radicalização que reduz o mundo à projeção de um espelho, reduz o diálogo ao eco da minha voz, isto é, tudo aquilo que é o outro vira inimigo interno que deve ser eliminado.
João Cezar de Castro Rocha, professor da Uerj
Ainda de acordo com João Cezar de Castro Rocha, quem mais perdeu com o bolsonarismo não foi a esquerda, mas a própria direita.
Então, isso é bem importante, porque um dos efeitos nem sempre destacados do bolsonarismo na vida política brasileira foi a destruição da direita. Destruição, entusiasmo e passar do ponto. Foi a redução da direita a um quase nada. Quem mais sofreu com o bolsonarismo no Brasil não foi a esquerda. O PT voltou ao poder. Quem mais sofreu com o bolsonarismo no país foi o campo político da direita e o campo político do centro.
João Cezar de Castro Rocha, professor da Uerj
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