Marina Dantas*
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, prorrogou por mais 30 dias a permanência da Força Nacional no Rio de Janeiro, conforme pedido do governador do estado, Cláudio Castro (PL). Na noite de quarta-feira, o Palácio Guanabara remeteu à sede da pasta, em Brasília, o pedido de prorrogação, mas sem detalhar as razões pelas quais solicitava a extensão do prazo de permanência — que termina no domingo.
Esta é a segunda extensão para que a Força Nacional fique no Rio de Janeiro auxiliando no policiamento ostensivo — a primeira foi feita em janeiro e pelo prazo de 60 dias. Desde outubro do ano passado, a tropa está no estado, sobretudo na capital fluminense, depois de autorização do então ministro da Justiça Flávio Dino.
Segundo Cláudio Castro, “o apoio da Garantia da Lei e da Ordem às polícias do estado, que terminaria no próximo dia 31 de março, é fundamental para fortalecer o patrulhamento nas rodovias federais”. Em uma GLO restrita, os portos fluminenses do Rio de Janeiro e Itaguaí estão sob controle das Forças Armadas, que, em conjunto com a Polícia Federal (PF), Receita Federal (RFB) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), têm controlado o fluxo de mercadorias para combater os tráficos de armas e de drogas.
Médicos assassinados
O pedido de Cláudio Castro ao Ministério da Justiça foi feito, inicialmente, por conta do aumento da violência no estado e dos confrontos entre traficantes de drogas e milicianos, sobretudo na capital fluminense. A solicitação foi desencadeada pelo assassinato de três médicos, em um quiosque na praia da Barra da Tijuca, por matadores de aluguel que acreditavam estar atirando no filho de um miliciano e em em seus seguranças. Horas depois do crime, os homens apontados de terem praticado o homicídio foram encontrados mortos em uma suposta punição por terem matado três inocentes — um deles irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSol-SP).
Foram enviados ao Rio de Janeiro cerca de 300 homens da Força Nacional e 270 da PRF de nove estados, que atuam no patrulhamento das estradas federais que cortam o estado contra o transporte de armas e drogas. À época da chegada das tropas federais, o governador afirmou que serviriam para “asfixiar o crime”.
A princípio, a presença da Força Nacional tem gerado bons resultados. Na quarta-feira, o estado informou que os crimes contra a vida tiveram o menor número de mortes desde o início da série histórica medida pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), em 1991.
O indicador — que engloba homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, roubo seguido de morte e morte por intervenção por agente do estado — caiu 21% nos primeiros dois meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2023.
Mossoró
O Ministério da Justiça decidiu não prorrogar a permanência dos 500 homens da Força Nacional de Segurança Pública nas buscas aos dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN). Deibson Nascimento e Rogério Silva fugiram há 40 dias e a não captura dos foragidos tem fragilizado a gestão de Ricardo Lewandowski à frente da pasta. Segundo o ministério, os próximos passos serão focados em ações de inteligência. O secretário Nacional de Políticas Penais, André Garcia, reforçou que parte dos agentes de segurança que permanecerá em Mossoró atuará nessa linha. O reforço policial para localizar Deibson e Rogério foi deslocado em 14 de fevereiro, quando havia a expectativa da captura dos foragidos. Sete pessoas foram presas por suspeita de terem colaborado com a fuga.
Caso Marielle: relatório chega à PGR
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, ontem, que fosse enviada à Procuradoria-Geral da República a investigação do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. A PGR deverá analisar o relatório da Polícia Federal (PF), se manifestar em relação à conclusão do inquérito e se apresentará uma denúncia ao Supremo.
A partir dessa decisão, os indiciados — o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ); seu irmão Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ); e o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa — podem se tornar réus. Os irmãos Brazão foram removidos, na quarta-feira, para os presídios federais de segurança máxima de Campo Grande e Porto Velho.
Na quarta-feira, o TCE-RJ convocou Christiano Lacerda Ghuerren para substituir Brazão. (Com colaborações de Ândrea Malcher, Evandro Éboli e Agência Brasil)
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi
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