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Dona de fazenda onde indígena foi morto é especialista em Marco Temporal

Um assassinato na quarta-feira (18/9) marcou mais um episódio da violência contra indígenas movida por grandes fazendeiros no Mato Grosso do Sul. Na Terra Indígena (TI) Nhanderu Marangatu. em Antônio João (MS), o indígena Neri Guarani Kaiowá, 23 anos, foi morto a tiros durante uma operação da Polícia Militar (PM) na Fazenda Barra. A área, marcada por conflitos territoriais, é de propriedade de Roseli Ruiz, uma antropóloga indicada como “expert” em demarcação de terras indígenas pelo Progressistas (PP), Partido Liberal (PL) e Republicanos.

O nome de Roseli foi indicado pelos partidos para a próxima reunião de conciliação sobre o Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal (STF), marcada para segunda-feira (23/9). Além do nome da ruralista, foram indicados para a mesa, coordenada pelo ministro Gilmar Mendes, o ex-ministro da Defesa José Aldo Rebelo Figueiredo e o jornalista Lorenzo Carrasco Bazúa.

O histórico de Roseli e da família do marido, Pio Queiroz Silva, em conflitos com os indígenas da região é antigo. Em 2015, a fazendeira esteve envolvida em conflito de terras que culminou na morte do indígena guarani kaiowá Simeão Vilhalva, 24 anos, quando produtores rurais armados tentaram retomar áreas ocupadas por povos originários. Na época, Roseli Ruiz era presidente do Sindicato Rural de Antonio João.

Em 2013, o jornal Folha de S.Paulo revelou que Roseli se especializou em antropologia para fazer perícias em terras em litígio a favor dos fazendeiros. Na reportagem Fazendeira vira antropóloga e faz laudos contra índios, ela afirma que não havia encontrado terras indígenas nas perícias e que “não é assunto para demarcação quando os índios foram retirados para colonização”. 

A filha de Roseli, Luana Ruiz Silva de Figueiredo, é assessora especial da Casa Civil do Governo de Mato Grosso do Sul e advogada de ação que permitiu a ronda da PM na Fazenda Barra. Em nota, o Conselho Indigenista Missionário Cimi) chamou mãe e filha de “expoentes do agronegócio, setor para o qual a vida dos povos indígenas têm pouco valor diante de seus interesses econômicos”. 

Segundo o Cimi, outra indígena foi baleada durante operação na semana passada e está internada em Ponta Porã. A vítima Juliana Gomes Guarani e Kaiowá, 32 anos, vai fazer uma cirurgia e corre risco de perder parte da perna.

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