O primeiro bimestre de 2024 fechou com a menor taxa de desmatamento na Amazônia dos últimos seis anos. Segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a devastação em janeiro e fevereiro atingiu 196km², equivalente a 63% a menos do que nos mesmos meses em 2023, quando foi detectada a destruição de 523km².
A área de floresta perdida em janeiro e fevereiro na Amazônia supera os territórios de três capitais brasileiras: Vitória (97km²), Natal (167km²) e Aracaju (182km²). Se comparado com campos de futebol, a devastação no primeiro bimestre chegou a quase 327 por dia.
“Esses dados mostram que ainda temos um grande desafio pela frente. Atingir a meta de desmatamento zero prometida para 2030 é extremamente necessário para combater as mudanças climáticas. Para isso, uma das prioridades do governo deve ser agilizar os processos em andamento de demarcação de terras indígenas e quilombolas e de criação de unidades de conservação, pois são esses os territórios que historicamente apresentam menor desmatamento na Amazônia”, explica Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
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Apesar do resultado positivo geral, entre os nove estados que compõem a Amazônia Legal, dois deles apresentaram aumento no desmatamento. No Maranhão, a devastação passou de 2km² em fevereiro de 2023 para 5km² no mesmo mês deste ano; em Roraima, a destruição foi de 19km² para 26km². No entanto, no acumulado do bimestre, apenas o Maranhão fechou com alta. No estado, a derrubada acumulada em janeiro e fevereiro de 2024 fechou em 8km², contra 7km² no mesmo período do ano passado, o que representa um aumento de 14%.
“Apesar de a área desmatada no Maranhão ter sido a sexta menor no bimestre, esse aumento requer atenção, uma vez que todos os outros estados tiveram queda. Observamos que a derrubada neste estado está avançando para dentro dos territórios de áreas protegidas, como a Reserva Biológica do Gurupi e a Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra”, cita Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.
Ranking de desmatamento
Em relação ao tamanho das áreas desmatadas nos dois primeiros meses de 2024, os estados que lideram o ranking são Mato Grosso (32%), Roraima (30%) e Amazonas (16%). Juntas, as unidades federativas somam 152km² de florestas derrubadas no bimestre, o que equivale a 77% de toda a destruição detectada na Amazônia.
O Imazon aponta que, no caso de Mato Grosso, o avanço do desmatamento está ocorrendo principalmente por causa da expansão agropecuária, com destaque para os municípios Feliz Natal, Nova Maringá, Juína, Juara, Marcelândia e Canarana.
Já em Roraima, a derrubada tem avançado inclusive dentro de terras indígenas. Em janeiro, metade dos territórios dos povos originários entre os 10 com maior desmatamento ficavam no estado. Em fevereiro, quatro estavam em solo roraimense. No caso do Amazonas, chamou a atenção dos pesquisadores a expansão do desmatamento em assentamentos.
“Esses três estados apresentaram redução no desmatamento se compararmos este bimestre com o mesmo período do ano passado, com quedas de 74% em Mato Grosso, 59% no Amazonas e 3% em Roraima. Porém, para sair do topo do ranking, precisam intensificar suas ações de combate à derrubada nas áreas críticas e criar mais incentivos para a economia com a floresta em pé”, pontua a pesquisadora Larissa Amorim.
Cabe destacar que o Pará, que em vários anos anteriores chegou a liderar como o estado que mais desmatou a Amazônia, apresentou redução de 70% na derrubada nos primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2023. Com isso, ficou em quarto lugar no ranking dos estados que mais devastaram a floresta no primeiro bimestre, com 26km². O estado teve dois municípios entre os 10 mais desmatados em janeiro (Ipixuna do Pará e São Félix do Xingu) e um em fevereiro (São Félix do Xingu).
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