A cidade de Dourados (MS) saiu na frente de todo o país na vacinação em massa contra a dengue. A prefeitura local fechou uma parceria com o laboratório japonês Takeda, que fabrica o imunizante Qdenga, e distribuiu aproximadamente 90 mil doses para as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município. A previsão da Secretaria de Saúde local é de que em torno de 150 mil pessoas, com idades entre quatro e 59 anos, sejam imunizadas.
A primeira brasileira a tomar a Qdenga foi Francisleine Costa, que perdeu o filho adolescente Júlio César da Costa para a doença. “Ele foi enterrado no dia do aniversário por essa fatalidade. Agora, a vacina veio e estou fazendo campanha para que todos se vacinem, para que não passem pela mesma dor que eu”, contou, emocionada. “Podemos cuidar do nosso quintal, mas e o vizinho? Mãe, não tenha medo. A dor de uma mãe é maior. Não deixem de tomar vacina, protejam seus filhos. A vacina é o único meio de proteção. Agora, sigo aliviada, meu coração está feliz”, acrescentou Francisleine.
Júlio César tinha 15 anos e não resistiu à infecção que contraiu, no ano passado. Em 2023, o Brasil bateu recorde no número de mortes pela doença, chegando a 1.079.
A aplicação da Qdenga pela Prefeitura de Dourados antecedeu até mesmo a incorporação do imunizante pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme anunciado em 21 de dezembro pelo Ministério da Saúde — a previsão é de que sejam entregues 5.082 milhões de doses entre fevereiro e novembro.
“Temos a expertise, adquirida durante a pandemia da covid-19, de vacinar uma população inteira, além de termos algumas características, como um número de casos de dengue considerável e de população específica”, explicou o secretário municipal de Saúde, Waldno Lucena.
Ele afirmou que a prefeitura encaminhou um pedido, em agosto, para iniciar a vacinação contra a dengue quando o medicamento estivesse disponível pelo Sistema Único de Saúde. À época, a Takeda pediu ao Ministério da Saúde a incorporação do imunizante na rede pública, após ter eficácia aprovada, em março, pela Agência Nacional de Saúde (Anvisa) e de ser comercializada em clínicas privadas. A introdução da vacina na rede pública foi analisada e aprovada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec).
Primeiro do mundo
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público de atendimento à população. Ainda estão sendo discutidos quais serão os públicos e regiões prioritárias, pois, em um primeiro momento, há limitação da capacidade de produção da Takeda para toda a população.
O esquema vacinal da Qdenga é de duas doses, que devem ser administradas com intervalo de três meses. A Prefeitura de Dourados acredita que, com a primeira aplicação, a população terá algum nível de proteção contra a dengue.
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