Em 2023, o Brasil bateu recorde no número de casos de dengue e também no número de mortes, o que preocupa especialistas. Na projeção do Ministério da Saúde, a expectativa é de 5 milhões casos só em 2024, contra os 1.658.816 no ano passado. Mas o que explica esse aumento?
De acordo com a médica infectologista Maria Aparecida Teixeira, do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), a cada um ou dois anos, já é esperado um aumento nos casos da doença, a chamada sazonalidade ou aumento da ocorrência esperada em determinados períodos do ano.
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Entretanto, o cenário atual da doença é que quatro sorotipos (1, 2, 3 e 4) da doença estão circulando ao mesmo tempo, o que deixa um maior número de pessoas suscetíveis.
“O sorotipo 2 estava adormecido nos últimos 10 anos e ressurgiu de 2021 para 2022, e os sorotipos 3 e 4 circularam bastante há cerca de 15 e 5 anos atrás, respectivamente, e agora ressurgem”, conta a especialista. É importante destacar que os sorotipos 3 e 4 não causam, necessariamente, quadros mais graves.
Quando se está com dengue, a gravidade da doença está associada à infecção secundária, ou seja, quem pegar dengue mais de uma vez tem um risco maior de desenvolver uma doença mais grave na segunda infecção.
A infectologista ressalta ainda que neste período é sempre importante lembrar que a população é a maior protagonista no combate a dengue para ajudar na diminuição dos casos, além da ação dos agentes sanitários e de políticas públicas de combate.
E a nova vacina, ela pode ajudar?
A vacina contra a dengue, a Qdenga, já foi incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) pelo Ministério da Saúde e e será distribuída de forma gratuita a partir de fevereiro.
Ela poderá ser administrada para maiores de quatro anos até 60 anos, mas as primeiras doses serão restritas, num primeiro momento, para populações e regiões–alvo.
Para Maria Aparecida, contudo, avalia que a ajuda da vacina no enfrentamento da doença não será a curto prazo. “Primeiramente, o esquema vacinal requer duas doses com intervalo de no mínimo de três meses para prevenir a doença. Com apenas uma dose não se alcança esse estado imunológico protetor, ou seja, o tempo para se tornar efetivamente coberto é longo demais para uma demanda urgente diante do cenário que se anuncia”, explica.
Ela frisa que é preciso ser feito um mapeamento dos locais com maior densidade de casos para que ações mais contundentes sejam tomadas, além da expectativa pela vacina criada pelo Instituto Butantan, que poderá solucionar um dos grandes problemas da vacina existente: o abastecimento.
Casos no DF aumentaram 207%
Apenas na primeira semana de 2024, no período entre 31 de dezembro e 6 de janeiro, o número de casos de dengue registrado no DF aumentaram 207%. Foram 2.152 casos prováveis da doença contra 669 no mesmo período em 2023. As regiões administrativas mais afetadas pela doença são Ceilândia e Samambaia.
Como se prevenir
- Manter bem tampados tonéis, caixas e barris de água;
- Lavar semanalmente com água e sabão tanques utilizados para armazenar água;
- Manter caixas d’agua bem fechadas;
- Remover galhos e folhas de calhas;
- Não deixar água acumulada;
- Encher pratinhos de vasos com areia até a borda ou lavá-los uma vez por semana;
- Trocar água dos vasos e plantas aquáticas uma vez por semana;
- Acondicionar lixo em sacos plásticos e em lixeiras fechadas;
- Manter garrafas de vidro e latinhas de boca para baixo;
- Acondicionar pneus em locais cobertos;
- Fazer sempre manutenção de piscinas;
- Manter ralos tampados.
Fonte: SES-DF
Principais sintomas da doença
- Febre alta (38°C ou mais);
- Dor no corpo e articulações;
- Dor atrás dos olhos;
- Mal-estar;
- Falta de apetite;
- Dor de cabeça;
- Manchas vermelhas no corpo.
Fonte: SES-DF
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