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Caso Marielle: entenda por que advogados deixaram defesa de Lessa

Os advogados que vinham acompanhando Ronnie Lessa deixaram, ontem, a defesa do homem que disparou os tiros que assassinaram a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. A decisão veio 24 horas depois que o acordo de delação premiada do ex-policial militar foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo os advogados Fernando Santana e Bruno Castro, a saída da defesa de Lessa deu-se por “ideologia jurídica”. “A partir de hoje, não somos mais advogados de Ronnie Lessa. Nos cinco anos em que atuamos nos processos, honramos nosso juramento como advogados, mesmo sob perseguição, mesmo sob ameaças, mesmo sob a falta de discernimento sobre nosso trabalho como defensor”, frisaram.

Santana e Castro reforçaram que “nossa indisposição à delação é genérica e pouco importa o crime cometido, quem tenha cometido e/ou contra quem foi cometido. Não atuar para delatores é uma questão principiológica, pré-caso, e nada tem a ver com qualquer interesse na solução ou não de determinado crime”. Os advogadores defendiam o ex-PM em 12 processos.

Na terça-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou a homologação da delação de Lessa. Ele afirmou ter conversado com Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre os homicídios que correm no Supremo Tribunal Federal (STF), e acrescentou que estaria próximo o desfecho para um crime que dura seis anos sem que saiba o mandante.

Lessa foi preso em 2019 e na oitiva para a validação do pelo acordo, ele atribuiu a determinação de assassinar Marielle a duas pessoas — uma delas, ou as duas, teriam prerrogativa de foro, o que fez com que o inquérito passasse à esfera do STF.

Deputado reage

Apontado como sendo esse personagem com prerrogativa de foro, o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) negou, ontem, envolvimento com o crime. Em nota, afirmou que concordava com as posições de Marielle em relação às ocupações ilegais na Zona Oeste do Rio de Janeiro. As investigações apontam que disputas imobiliárias em áreas ocupadas por milícias podem ter motivado o assassinato.

“O deputado federal Chiquinho Brazão esclarece que seu convívio com a vereadora sempre foi amistoso”, destaca um trecho da nota.

Brazão critica ter sido citado. “Causa estranheza que seu nome tenha surgido após muitos meses de tramitação da suposta colaboração, principalmente quando se sabe que o instrumento de investigação deve indicar, desde o início, todos os envolvidos que gozem de foro por prerrogativa de função”, ressalta a nota.

 

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