A Coritiba Independente está disputando as eleições para a associação do Coxa, que acontece no dia 27 de dezembro. O principal objetivo do grupo é poder levar expertise do futebol para as reuniões do Conselho Administrativo da SAF, onde o grupo eleito terá uma cadeira.
“A gente preza pela interferência principalmente no futebol, encontrar meios para interferir no futebol do Coritiba. De forma positiva, porque é o principal produto nosso e da SAF. Não é possível que não haja um interesse por parte da gestora do fundo da SAF no desempenho esportivo. Essa é a nossa principal bandeira”, afirma Henrique Bortolotti, candidato ao G5.
O futebol do Coritiba é inteiramente administrado pela SAF, que é dona de 90% das ações do clube. Os profissionais do departamento de futebol do clube são contratados pela Treecorp Investimentos, a gestora do clube. A associação não tem ingerência no futebol.
Ainda assim, o grupo quer usar as reuniões do conselho administrativo da SAF para levar ideias ao futebol do Alviverde. “Caso a gente chegue lá e eles digam não, que quem manda na gestão do futebol são eles, a ideia é trazer de volta isso para o torcedor. Dizer, nós levamos essa boa ideia de futebol, que resolveria boa parte dos problemas e que é a vontade de vocês, ela não foi ouvida”, disse.
O UmDois Esportes conversou, nesta sexta-feira (13), com Júnior Emerson Zarur, candidato à presidência e Henrique Bortolotti, que faz parte do G5 da chapa. Eles falaram sobre a composição da legenda, as propostas e como pretender agir diante do novo contexto envolvendo a SAF.
O UmDois também entrevistou a candidata da chapa Eternamente Coxa, Marianna Libano (confira aqui). As eleições do Coxa acontecem no dia 27 de dezembro, das 9h30 às 16h.
Confira a entrevista na íntegra
Como foi o processo de criação da Coritiba Independente?
Henrique Bortolotti: Isso é uma coisa que nos difere dos outros movimentos nos últimos anos. A Coritiba Independente é um movimento completamente orgânico. Ela não tem um viés político relacionado às últimas chapas que concorreram. Evidentemente que as pessoas que participaram de conselhos, elas continuam querendo integrar o conselho. Nós somos um grupo único que começou a debater o Coritiba, não atrelado a nenhuma outra liderança de outros momentos.
Júnior Zarur: Nós temos uma independência completa de qualquer grupo político. Nós somos pluripartidários, digamos assim. Nós temos gente de várias vertentes dentro do Coritiba, né, de duas, três eleições para trás, mas não temos nenhum ex-candidato a presidente ou ex-presidente fazendo parte do G5. Mas temos o apoio, por exemplo, de alguns ex-presidentes.
Nós não temos compromisso com nenhum grupo político dentro do Coritiba. A gente vai ouvir sempre os mais experientes. Desde que não seja o Samir, porque ele hoje apoia a outra chapa. Todo mundo sabe dessa ligação dele com a outra chapa. Então, a gente ouve todos, menos a má experiência que o Samir teve quando passou pela direção do Coritiba.
A chapa de vocês tem vários membros que se envolveram nas últimas eleições. Nesse contexto político do Coxa, vocês se posicionam de que lado?
J.Z.: Nós somos uma chapa de oposição ao futebol da SAF. Somos completamente oposição ao futebol da SAF.
Mas, por exemplo, figuras como Vilson Ribeiro, Jamil Tawil e outras pessoas que participaram das últimas gestões, vocês têm contato com elas? Elas aconselham?
J.Z.: Não estão na nossa chapa, inclusive não tratamos com o Vilson Ribeiro. Não estão na nossa chapa, não fazem parte dos 160 conselheiros. Nenhum dos dois. Nem o Glenn, nem o Juarez. Absolutamente nenhum deles. Inclusive, nós estivemos lá na terça-feira, numa reunião com o Conselho Fiscal. O Jamil estava lá, presidiu a reunião. E ele deixou bem claro que não tem envolvimento com nenhuma chapa. Ele é o presidente interino hoje da associação, por força do estatuto, que venceu o mandato.
E antes de vocês fundarem essa chapa, teve alguma tentativa da situação de compor uma chapa para essas eleições, tanto pela situação como pela outra chapa candidata?
H.B: Não. Por isso o nome da nossa chapa foi Coritiba Independente. Não houve essas tentativas. Inclusive eu, Henrique, nunca falei com o Vilson ou o Glenn pessoalmente.
J.Z.: As pessoas que compõem a outra chapa, com todo respeito, são coxa-brancas como a gente. Mas é difícil porque embora tenhamos pensamento de todos somos torcedores do Coritiba, é difícil. Eles têm uma outra linha de trabalho que não condiz com a nossa. As chapas são muito antagonistas.
E como difere a linha de trabalho de vocês em relação a outra chapa?
H.B.: A nossa chapa é um movimento orgânico de debate do Coritiba há um tempo. E que, pela análise do pessoal do nosso G5. Nós prezamos pelo perfil técnico na escolha dos membros do G5 e por uma atuação com os expertise no futebol. E aí vem que o nosso grupo transcende o nosso G5. Nós temos muitos apoiadores muito qualificados, além do nosso G5.
A gente preza pela interferência principalmente no futebol, encontrar meios para interferir no futebol do Coritiba. De forma positiva, porque é o principal produto nosso e da SAF. Não é possível que não haja um interesse por parte da gestora do fundo da SAF no desempenho esportivo. Então, essa é a principal bandeira da Coritiba Independente.
E nesse contexto de SAF, como vocês entendem o papel e o poder da associação, assim, no gerenciamento ali do Coxa?
H.B.: Bom, em primeiro momento, a gente sabe que a gestão do futebol é da SAF. A atividade da SAF e do Coritiba, evidentemente, é o futebol. Então, a grande decepção do torcedor foi que as más práticas de gestão de futebol e práticas administrativas que vieram nos últimos anos de presidencialismo se estenderam no período pós-SAF.
A ideia da Coritiba Independente é, a partir do fortalecimento da associação, estabelecer uma negociação com a SAF, para que, com moedas de barganha, com expertise no futebol, a gente possa levar a experiência do nosso torcedor de novo para a cadeira da SAF.
J.Z.: O nosso representante, o nosso G5 também, não será passivo. Nós temos que ter, hoje, no Coritiba, alguém que se imponha, alguém que trabalhe em parceria com a SAF. Com todo respeito ao trabalho do Vilson, que tem o seu estilo, nós vamos ter a nossa representação dentro da SAF, uma representação que leve toda a indignação e todas as sugestões.
Vocês falaram que, se eleitos, querem interferir no futebol, tentar trazer um pouco da visão de vocês sobre futebol. Mas vocês acham que isso vai ser possível? Porque a SAF que controla o futebol com os profissionais escolhidos pela Treecorp.
H.B: Nós entendemos que sim, que é possível. Porque, o futebol é o principal produto do Coritiba. A gente entende que a gestão do futebol é 100% da SAF e que eventualmente a palavra final vai ser deles. Porém, nós somos representantes da associação, que é o que remanesce de representatividade da torcida perante a SAF. E a ideia é que a Coritiba Independente seja eleita para trazer de volta, a partir da qualificação técnica dos meus colegas de G5, a expertise no futebol às reuniões da direção [conselho administrativo da SAF] do Coritiba.
E caso, eventualmente, a gente chegue lá e eles digam: não, aqui é tudo nosso, quem manda na gestão do futebol somos nós, a ideia é a gente trazer de volta isso para a opinião pública, para o torcedor e para o sócio de coxa branca. Dizer que nós levamos essa boa ideia de futebol, que resolveria boa parte dos problemas e que é a vontade dos torcedores e ela não foi ouvida.
Nesse sentido, como vocês têm visto as saídas de atletas e a especulação de alguns reforços que estão perto do Coritiba?
J.Z.: Com preocupação, porque os times já estão se planejando para 2025, e mais uma vez, a gestão do futebol da SAF tem sido morosa pelo que a gente tem acompanhado.O que nós vimos até agora? Nós vimos o Mozart, bacana, jóia. Quem mais? Precisa, usando um palavreado bem popular, se coçar.
Nós estamos acompanhando rumores de saídas de jogadores. Nós trouxemos um técnico que quase foi campeão da Série B, porém é imprescindível a montagem do elenco forte.
E como candidatos à associação, vocês veem alguma possibilidade de acontecer no Coritiba o que aconteceu no Vasco? De a associação retomar o controle do clube em um contexto de uma repetição dos fracassos em campo no futuro?
H.B.: O cenário ideal é nós levarmos a expertise ao futebol e a SAF se mostrar aberta a dialogar com o torcedor e explicar para o torcedor o que está acontecendo e ouvir as nossas ideias.
É evidente que é do nosso interesse analisar todos os aspectos do contrato e, caso permaneça o insucesso esportivo do Coritiba, se nós estamos dizendo que vamos utilizar todos os meios possíveis para trazer o desempenho esportivo de volta, é evidente que isso passa, em caso de insucesso, pela utilização de eventuais brechas contratuais e meios jurídicos. Seria sim do nosso interesse. Nós precisamos, da forma que for, recolocar o Coritiba na Série A, porque o principal produto do Coritiba, a maior forma de arrecadação, inclusive, é um time competitivo, é títulos e vitórias.
Para finalizar, gostaria que falasse um pouco mais sobre as propostas e uma mensagem final ao sócio.
J.Z.: A gente vai trabalhar diuturnamente para que o futebol do Coritiba volte a ser grande. O Coritiba é enorme, mas o futebol não condiz ao tamanho do nosso clube. Então, a gente vai trabalhar todos os dias durante esses três anos para levar o Coritiba ao seu devido lugar que é a Série A, que é a Libertadores, que é a Copa do Brasil.
E ter um futebol que demonstre orgulho, que dê orgulho ao nosso torcedor. Nosso único medo é que o Coritiba caia em mãos erradas. É por isso que nós estamos se disputando e vamos ganhar a eleição no dia 27 de dezembro. Com relação às demais propostas para a associação, essa taxa, essa sugestão de taxa para sócios votarem nas eleições não vai ser acatada.
Esse é um compromisso de campanha que a Coritiba Independente tem com o associado. Não onerar o sócio. Fazer uma gestão da associação forte. E através de todos os degraus, o desempenho esportivo, a interferência da associação no desempenho esportivo, ela passa por degraus. Vamos ter uma reforma estatutária, um estatuto qualificado, com o qual vai existir um amplo debate, vai existir uma transparência.
H.B.: Reformado o estatuto, nós vamos prezar pela saúde financeira da associação e para que, a partir deste, possa estabelecer moedas de barganha com a SAF para que ela nos ouça no desempenho esportivo. O torcedor coxa-banca pode ficar esperançoso que uma associação forte que pode estabelecer moedas de barganha com a SAF, ela tem plenas condições de interferir no desempenho esportivo.
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