Levantamento do MapBiomas aponta que, entre 1986 e 2021, a degradação dos biomas brasileiros representa entre 11% e 25% do território das vegetações nativas. O percentual representa 60,3 milhões e 135 milhões de hectares de vegetação nativa degradada em todos os biomas brasileiros. Mesmo comprometidas, as vegetações nativas ainda cobrem mais da metade de todo o território nacional, com 64%.
A plataforma do MapBiomas, lançada nesta sexta-feira (5/7), permite gerar cenários sobre o impacto dos fatores que podem causar a degradação, como o fogo, exploração de madeira, pasto para animais de fazenda, entre outros. A pesquisadora do IPAM e coordenadora científica do MapBiomas, Julia Shimbo, alerta para os cuidados futuros que os governos devem ter com as vegetações remanescentes. “O panorama revelado na plataforma sobre os possíveis cenários de degradação da vegetação nativa mostra que, além da preocupação com a redução do desmatamento, também é importante cuidar das condições atuais dos remanescentes que ainda existem nos diferentes biomas brasileiros, bem como restaurar as áreas degradadas”, diz.
Os dados mostram que os biomas mais afetados pela degradação são também os mais usados para pastagem de animais: o cerrado e o pampa. O território do cerrado pode estar entre 19,2% e 45,3% comprometido pela degradação. “O cerrado é um bioma com forte presença da agropecuária, já bastante fragmentado, de modo que as áreas de borda são importantes vetores na disseminação de espécies exóticas invasoras, como por exemplo gramíneas africanas”, explica o pesquisador do Cerrado MapBiomas, Dhemerson Conciani.
Já o pampa tem o território comprometido entre 19% e 55%, podendo ocupar 4,8 milhões de hectares. “O pampa é um bioma que sofre forte efeito antrópico, com uma ocupação bastante densa e antiga. O fato dos usos antrópicos estarem distribuídos de modo relativamente homogêneo na paisagem amplia muito a exposição aos efeitos de borda”, diz Eduardo Vélez, pesquisador da equipe do Pampa MapBiomas.
Apesar da porcentagem expressiva do território brasileiro degradado ou comprometido de alguma maneira, a diretora de ciência do IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar, explica que a degradação é reversível, se for interrompida no momento certo. “A degradação é um processo que, se revertido, permite a recuperação da área. Mas se não for interrompido, pode levar a um colapso, ou seja, o ponto a partir do qual não é mais possível recuperar as características originais”.
*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori
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