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Após inundações, infraestrutura do Rio Grande do Sul está comprometida

As chuvas que castigam o Rio Grande do Sul desde o início da semana afetaram severamente a infraestrutura do estado. A mobilidade está comprometida com o alagamento de cidades inteiras, bloqueio de estradas e, ontem, com o cancelamento dos voos que chegam e partem do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre. A ameaça de rompimento de um dique perto do terminal aeroportuário fez a concessionária Fraport Brasil suspender, até amanhã, as operações de pousos e decolagens. Ontem, pelo menos 17 voos foram cancelados.

Consideradas o pior desastre climático da história do estado, as tempestades derrubaram pontes, destruíram estradas, causaram deslizamentos, danificaram linhas de transmissão de energia e antenas de telecomunicações e deixaram barragens de usinas hidroelétricas em estado de atenção. Além das perdas de vidas, o estado está cada vez mais isolado. Até mesmo Porto Alegre, a capital do estado, corre o risco de ficar ilhada e enfrentar problemas de desabastecimento.

 

 

A Rodoviária Intermunicipal de Porto Alegre amanheceu, ontem, debaixo d’água, com boa parte das ligações rodoviárias interrompidas. No transporte coletivo, poucas linhas de ônibus circularam ao longo do dia. A Trensurb, que opera o transporte público ferroviário, parou todos os trens, na tarde de ontem, depois de ver parte das vias invadidas pelas águas.

Estradas interditadas

Com muitas rodovias interrompidas por inundações, queda de barreiras e pontes destruídas, é grande o número de municípios isolados. A capital, em que o prefeito apelava à população para evacuar o centro da cidade, perdeu a ligação com a região sul do estado após o bloqueio da BR-116 pela interdição das duas pontes sobre o Guaíba, depois que embarcações se chocaram contra a estrutura.

Nas rodovias estaduais, o último levantamento indicava 147 trechos de 63 estradas com bloqueios totais ou parciais. As informações do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) do estado incluem as rodovias concedidas. A dificuldade de acesso às cidades mais atingidas representa o principal desafio para as equipes de resgate e redes de abastecimento de alimentos e remédios, neste momento. Em muitos municípios, há falta de produtos básicos nos supermercados e de combustíveis nos postos de abastecimento.

“A Secretaria de Logística e Transporte já trabalha sobre as estradas críticas, com plano de ação sendo desenvolvido com apoio do Grupamento de Engenharia do Exército para que tenhamos o restabelecimento das principais vias. São (cerca de) 150 pontos interrompidos por deslizamentos ou por pontes que foram levadas. Não vai dar para consertar tudo”, admitiu o governador gaúcho, Eduardo Leite.

Sem energia

Em todo o estado, por segurança, as distribuidoras têm interrompido o fornecimento de energia para as áreas alagadas. Com o agravamento da cheia em Porto Alegre, a distribuidora CEEE Equatorial desligou, ontem, toda a energia da região central da capital, deixando mais de 4 mil moradias sem luz. No balanço de ontem, pelo menos 50 mil residências em mais de 30 cidades atendidas pela concessionária estavam sem energia.

A crise também preocupa as geradoras de energia porque algumas usinas hidrelétricas do estado estão instaladas nas bacias dos rios Jacuí e Taquari-Antas, as mais ameaçadas pelo alto volume de água nos reservatórios. Por segurança, as usinas tiveram que ser desligadas, comprometendo ainda mais o abastecimento da população. Com o rompimento de algumas linhas de transmissão e o desligamento de usinas nas áreas afetadas, o Operador Nacional do Sistema (ONS) determinou a entrada em operação das termelétricas de Canoas e de Candiota, na região metropolitana de Porto Alegre, e a importação de até 390 megawatts de energia do Uruguai.

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