Adelmo Junior — Especial para o Correio
Familiares e amigos de Gladstone Vieira Belo, condômino dos Diários Associados e ex-vice-presidente do Diário de Pernambuco, reuniram-se na tarde de ontem, no cemitério Morada da Paz, em Paulista, para se despedir do jornalista. Ele morreu na noite da quarta-feira, aos 77 anos, depois de passar 12 dias internado no Real Hospital Português, no Recife, em decorrência de uma queda em casa.
Na despedida, havia muitas coroas de flores, entre as quais as da diretoria do Diário de Pernambuco, do presidente do Diários Associados, Josemar Gimenez, e da TV Guararapes. “O condomínio perde um intelectual e um homem devotado às causas mais nobres. Sempre atento aos interesses do país”, disse Gimenez.
Gladstone era natural de Garanhuns, no Agreste Pernambucano. Ingressou no Diário de Pernambuco na década de 1960 e chegou a ser vice-presidente do jornal, onde atuou até 2014.
“Gladstone era muito tranquilo, muito apegado ao jornal e muito metódico. Mas conquistava pela maneira meiga de ser. Todos os colegas, toda a minha família, falam isso. E vai deixar muita saudade. Ele era uma pessoa de conciliação e nunca de agredir. Sempre conciliador e diplomata. E a homenagem que o Diário de Pernambuco fez foi muito bonita”, lembrou a esposa do jornalista, Ana Lúcia Tavares Vieira Belo.
“Gladstone foi uma das melhores pessoas que encontrei na minha vida, de modo geral, e como colega. Nossa convivência foi maravilhosa. Foi repórter do Diário de Pernambuco comigo e cobria o setor cultural. Depois ele foi crescendo pela competência dele. Foi editor-geral, superintendente, vice-presidente e continuou a mesma pessoa comigo”, relatou, emocionado, o jornalista Sanelvo Cabral, que atuou por 42 anos no DP.
Geração 65
Gladstone foi integrante da Geração 65, um dos mais importantes movimentos literários do país. Recebeu esse nome porque começou a ser formada por jovens poetas que, em 1965, publicaram no DP seus primeiros poemas.
“Gladstone foi uma pessoa que conheci em Garanhuns. Estudamos no mesmo colégio e a gente convivia muito. Escrevíamos no jornal O Monitor. Depois do golpe de 1964, a gente foi se espalhando. Gladstone foi a primeira pessoa, inclusive, que me levou à casa de Gilberto Freyre. Depois que deu uma pausa na poesia, se dedicou totalmente ao Diário de Pernambuco. É uma grande perda, porque foi uma pessoa realmente dedicada, inteligente e tinha visão das coisas. Para assumir um jornal, tem que ter muita visão do mundo que você está vivendo”, disse o escritor José Mário Rodrigues.
“Estou profundamente triste com o falecimento de Gladstone. Foi durante um bom tempo meu editor geral, nos anos 1970. Ele e o Diário de Pernambuco se confundiam numa única imagem, tal era o grau de comprometimento do grande jornalista com o jornal. Culto, poeta, de temperamento ameno com todos da redação, fez uma carreira brilhante nos Diários Associados. Redigia as matérias apenas com os dois indicadores, nas antigas máquinas de datilografia, com um texto elegante. Puxa vida! Como gostaria de ouvir, hoje, o papo entre ele, Antônio Camelo, Joezil Barros e Selênio Homem de Siqueira no céu dos grandes jornalistas”, disse o ministro e vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ex-repórter do DP, Og Fernandes.
“(Gladstone era) dono de uma gentileza e hombridade invejáveis. Perde Pernambuco, o jornalismo brasileiro e, eu, um amigo querido”, disse Guilherme Machado, presidente do Correio Braziliense e ex-diretor executivo do DP.
“Gladstone foi um amigo-referência. Não consigo lembrar do Diário sem lembrar de Gladstone, que foi uma pessoa de voz mansa e de muito carinho com as pessoas. Para mim, foi uma referência no jornalismo e na cultura pernambucana”, afirmou Mauro Alencar, desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco.
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