Dois dias após o rebaixamento à Série B, o Athletico confirmou, na tarde desta terça-feira (10), as saídas do técnico Lucho González e do diretor Paulo Autuori, “visando a reestruturação de seu Departamento de Futebol para o ano de 2025”. O gestor desportivo Paulo Miranda também foi desligado.
Autuori se despede após cinco meses no Rubro-Negro. Anunciado no fim de julho, uma semana após a saída polêmica do dirigente do rival Coritiba, que fracassou na tentativa de voltar à Série A.
No Furacão, Autuori se aproveitou da boa relação com o presidente Mario Celso Petraglia e do espaço em aberto causado pela reformulação do departamento de futebol.
Autuori teve carta branca após as demissões do ex-diretor André Mazzuco e mais de dez profissionais do departamento de futebol. E, assim como no Alviverde, as apostas não deram certo no Athletico.
O diretor foi fundamental para a demissão do jovem Martín Varini e a contratação do ex-jogador Lucho González. Também optou em não contratar reforços na janela de transferências do meio do ano, depositando confiança no elenco rubro-negro que sofreu a queda.
O ato final: defesa de Lucho e falta de “grupo”
A última das duas raras aparições de Paulo Autuori nesta passagem pelo Athletico foi justamente momentos depois da queda para a Série B.
Em coletiva, Paulo Autuori quis assumir toda a responsabilidade. “Nesse momento é normal querer personificar um culpado. Estou aqui, pode colocar em cima de mim, sem nenhum tipo de problema. Minha parcela é quanto quiserem colocar, não sou eu que vou definir”, emendou.
Além disso, sem citar diretamente os atletas, o diretor assumiu que o clube não conseguiu “construir um grupo”. Vale lembrar: na reta final, o Athletico não venceu nenhum dos rivais diretos – perdeu para Vitória e Bragantino, além do empate contra o Fluminense. Em todos esses duelos, a torcida apoiou e bateu recordes seguidos com mais de 40 mil pessoas.
“Tivemos muitas e várias oportunidades de estar extremamente tranquilos. Fomos incompetentes para isso”, disse ele, no mesmo termo usado que Petraglia usou no rebaixamento do Coritiba, em 2016.
Aposta em Lucho González não deu certo
De brinde, Autuori ainda fez questão de redobrar a aposta em Lucho González. Incapaz de garantir a permanência de ambos, o dirigente disse que não faltou qualidade ao jovem treinador, que encerrou a temporada com 26,19% de aproveitamento.
Foram nove derrotas, dois empates e três vitórias em 14 jogos.
“O problema não é e não foi o Lucho. O Lucho foi uma opção que tivemos e eu participei sim disso, sem nenhum problema. Falta de experiência tem vários treinadores. A qualidade dos treinos, estava no dia a dia. É muito fácil sempre colocar as coisas sempre em cima dos treinadores”, defendeu.
No Athletico, Autuori apareceu duas vezes
Antes de falar após o rebaixamento do Athletico, Autuori convocou a imprensa para uma entrevista coletiva durante a pausa do Brasileirão, na Data FIFA de outubro.
O diretor reconheceu que a equipe não estava correspondendo às expectativas, mas pregou cautela e disse que o Athletico não estava rebaixado mesmo com a série de nove jogos sem vencer. A sequência ainda viria a se tornar a pior da história do clube na Série A, com 11 rodadas sem triunfar, mas a esperança eram dois jogos em atraso.
Autuori ainda apontou a excessiva troca de treinadores para o time não ter uma estrutura definida. Para completar, reforçou a postura contrária às contratações e defendeu o presidente Mario Celso Petraglia, dizendo que “no mundo atual não existe distância física”.
Por problemas de saúde devido à uma cirurgia no abdômen em 2019, o homem-forte do Furacão está afastado das atividades presenciais no CT.
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Paulo Miranda deu entrevista polêmica após rebaixamento
Ex-jogador e agora ex-gestor desportivo do Athletico, Paulo Miranda deu uma entrevista polêmica após o rebaixamento do clube no ano do centenário. Em indireta, o dirigente deixou claro que existe uma persona non grata para a atual diretoria.
“Dentro de um castelo, quando existe qualquer porco que entra dentro, ele vai fazer […]. Depois, para limpar, é muito difícil”, disparou.
O ex-gestor desportivo, que fazia a principal ligação entre o vestiário e a diretoria, também fez questão de defender o presidente Mario Celso Petraglia. Paulo Miranda estava há oito anos no Furacão.
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