A região da Amazônia Ocidental — composta por Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima — tornou-se a maior emissora de gases causadoras do efeito estufa nos últimos dias por causa do avanço das queimadas.
O dado é do projeto Copernicus, da União Europeia. Segundo Lucas Ferrante, biólogo e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), as mudanças climáticas podem tornar o bioma mais seco e, consequentemente, mais suscetível ao fogo — afetando a biodiversidade, saúde pública e tráfego fluvial.
“As queimadas têm se concentrado no Amazonas, Rondônia e Acre, principalmente no eixo das rodovias. É preocupante que nesse momento crítico o presidente Lula tenha dado uma ordem de serviço para a pavimentação do lote C da rodovia BR-319, que não dispõe de estudos ambientais adequados e nem consulta prévia, livre e informada dos povos indígenas. A rodovia BR-319 é um dos focos desses incêndios”, destaca Lucas.
A rodovia citada pelo pesquisador ligaria Manaus, no Amazonas, a Porto Velho, em Rondônia, mas a obra é alvo de controvérsias há décadas por cortar a região da floresta amazônica. Em visita a Manaus, na terça-feira (10/9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a retomada das negociações para a pavimentação da rodovia.
“Nós vamos ter que garantir que nós não vamos permitir o desmatamento e a grilagem de terra próximo à rodovia, como é habitual acontecer nesse país. A gente faz uma rodovia, daqui a pouco estão destruindo do lado direito e do lado esquerdo, tem gente queimando, tem gente grilando, tem gente matando, tem gente criando gado onde não é necessário criar gado”, afirmou o chefe do Executivo.
O biólogo e pesquisador Lucas afirmou que é importante que o país reveja a continuidade dessa obra. “É necessário que o Brasil reveja essa obra por conta de todo o impacto. É imprescindível que o Brasil adote medidas para a contenção dos incêndios e desmatamento na Amazônia, revendo esses grandes projetos de infraestrutura e visando mitigar as alterações climáticas globais”, frisa Lucas.
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A Amazônia foi o segundo bioma mais atingido pelos incêndios em agosto, pois registrou 2 milhões de hectares queimados — atrás apenas do Cerrado. Dois estados que mais queimaram em agosto ficam na Amazônia: Mato Grosso e Pará. Os municípios de São Félix do Xingu (PA), Corumbá (MS) e Porto Murtinho (MS) foram os que apresentaram as maiores áreas queimadas.
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