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Depois da morte de Joca, governo Lula quer regras para transporte de pets

O Ministério de Portos e Aeroportos, ao lado Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), deu um passo na regulamentação do transporte aéreo de animais de estimação, nesta quinta-feira (18/7), ao instalar uma comissão especial. Com um prazo de 30 dias para concluir os trabalhos, o grupo tem a missão de consolidar regras mais específicas para a presença de pets em voos domésticos e internacionais, para responder à crescente demanda e preocupações dos passageiros que viajam com os animais.

A iniciativa foi impulsionada pelo trágico caso de Joca, um golden retriever que morreu em abril deste ano após ser enviado para um destino errado e permanecer por várias horas no porão do avião, além do tempo previsto. O incidente gerou grande comoção na internet, que começou a cobrar por normas mais rigorosas e claras para o transporte de animais. O tutor de Joca, João Fantazzini, esteve presente no evento de lançamento da portaria e reforçou a importância de um tratamento mais cuidadoso e humanizado pelas companhias aéreas.

“Essa legislação tem que ser feita, até porque as companhias aéreas não podem agir da forma como elas agem, elas fazem o que querem com a gente”, observou o tutor de Joca, durante a cerimônia de lançamento da comissão. “Não dá para aceitar mais isso. A forma como o Joca foi levado, foi fora da realidade, foi muito grave, foi uma crueldade muito grande e isso precisa ser mudado. Elas (as companhias aéreas) têm que seguir uma legislação bem rígida de transporte de animais, até porque eles fazem parte da nossa família”, completou.

A comissão, coordenada pela Anac, terá a tarefa de estabelecer ou modificar padrões que garantam um transporte seguro e sustentável para todos os animais em aviões. A portaria que institui o grupo foi assinada pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e pelo diretor-presidente da Anac, Tiago Pereira.

Cachorro morre após falha no transporte aéreo da Gol em Guarulhos  Após erro de logística da companhia aérea, o pet que era para ter sido enviado de Guarulhos à Sinop (MT), no mesmo voo do tutor, foi enviado para Fortaleza. Família acusa empresa de negligência com os cuidados ao animal
Joca morreu depois de uma falha no transporte aéreo da Gol (foto: Reprodução/JR Fantazzini)

Durante a cerimônia de instalação, o ministro Costa Filho enfatizou a importância do marco regulatório que deverá ser desenvolvido, mencionando a possibilidade de implementação por meio de resoluções, portarias ou projetos de lei a serem apresentados no Congresso Nacional. Segundo ele, o Brasil pode se tornar um exemplo mundial ao criar normas que dialoguem com a agenda de proteção animal, segurança e transporte aéreo.

“A gente verificou que as legislações na Europa, Estados Unidos e em outros países têm um déficit real de normas que dialoguem com a agenda de proteção animal, de transporte aéreo, de segurança e o Brasil pode dar um exemplo para muitos países no mundo. O amor à causa animal tem que entrar na agenda brasileira, sobretudo na agenda da aviação”, afirmou o ministro, declarando ainda que a pasta deve trabalhar para também definir regras para o transporte marítimo de pets.

A comissão será composta por representantes de sete entidades, incluindo empresas aéreas, o Conselho Federal de Medicina Veterinária, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e os ministérios da Agricultura e Pecuária, Saúde, Direitos Humanos e Cidadania, além de Portos e Aeroportos.

Um detalhe do trabalho da comissão será a análise das quase 3,4 mil contribuições recebidas durante a consulta pública realizada pela Anac após o caso Joca. Essas colaborações incluem sugestões de médicos veterinários, entidades da sociedade civil, associações, empresas aéreas e profissionais do setor de aviação, representando o maior engajamento já registrado pela agência em processos de participação social.

Entre as propostas destacadas estão o rastreamento dos animais, a presença obrigatória de veterinários em aeroportos, o transporte de pets nas cabines das aeronaves, e a priorização dos animais durante o embarque e desembarque. 

O diretor-presidente da Anac afirmou que a construção de uma política regulatória deve garantir o bem-estar dos animais. Ele ressaltou a importância do engajamento de João Fantazzini no processo, destacando que o objetivo é considerar todos os aspectos relativos ao transporte aéreo de animais, desde o conforto e segurança até a acessibilidade para os proprietários.

“A gente tem aproveitado o engajamento do João (tutor do Joca) para tentar melhorar a nossa regulação, para tentar considerar todos os aspectos relativos ao transporte aéreo de animais, para garantir conforto, segurança, bem-estar para os animais e também garantir acessibilidade para quem pretende utilizar esse serviço”, contou Tiago Pereira.

O ministro Costa Filho também destacou a necessidade de definir mecanismos adequados para implementar as novas regras, seja por meio de resoluções, portarias ou legislação. “O mais importante é que a gente tire do papel”, disse.

*Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza

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