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Defesa Civil reforça alertas para vale dos rios Taquari e Caí

Capão da Canoa (RS) — O Vale do Caí, próximo à região da Serra gaúcha, está novamente em alerta para inundações pelo alto nível do Rio Caí, devido às chuvas persistentes dos últimos dias. A Defesa Civil emitiu alerta para a população evacuar locais que já haviam sido atingidos pelas chuvas da semana passada. No município de Montenegro, o nível do Caí atingiu, na noite de ontem, 8,73m, bem acima da cota de inundação, que é de 6m. Em 24 horas, a água subiu quase 1m. De acordo com Rafael Altenhofen, biólogo e presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Caí (Comitê Caí), a enchente está prestes a superar, pela segunda vez em intervalo de poucos dias, a maior cheia da história da região, em 1941, quando o volume do Caí ficou em 10,2m.

O especialista explica que a régua usada para medir o nível da água do rio foi destruída pela correnteza. Para conseguir fazer a medição, ele precisou desenvolver um cálculo próprio. Por essa medida, ontem, o rio estava próximo de 9,14m, com tendência de estabilização.

“Das três maiores cheias da história do município, duas ocorreram agora, em maio de 2024, e uma em 1941. Felizmente, não será atingida a marca absolutamente extraordinária da semana passada”, explica.

 

 

Segundo o biólogo, nas áreas mais altas da bacia e da Serra, como Caxias do Sul, Nova Petrópolis e Gramado, os efeitos da enxurrada apresentaram mais danos estruturais e menos pessoas atingidas por inundações.

A Bacia Hidrográfica do Caí, segundo o especialista, é uma das “mais críticas do Rio Grande do Sul” e é classificada, no Mapa Nacional de Contenção a Desastres, como prioritária. Porém, de acordo com ele, nunca foi feita a prevenção adequada para evitar desastres como esse. “As alterações climáticas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) já alertavam há algum tempo”, conta.

“Nesse intervalo, de 10 dias entre um pico e outro, foi possível, talvez, apenas se recuperar do susto, mas não emocionalmente ou em termos materiais, já que boa parte do que se conseguiu em doações e limpeza durante essa semana foi perdido novamente por boa parte dos atingidos”, lamenta Altenhofen.

“Abobados da enchente”

Zoraia Câmara, 65 anos, corretora de imóveis, relembra a história contada pelo avô sobre as enchentes que atingem há anos São Sebastião do Caí, cidade vizinha a Montenegro, onde ela vive. Entre os personagens das memórias está o “abobado da enchente”

“O abobado da enchente era um senhor que, depois de cada enchente em que perdia tudo, saía caminhando a ermo pela cidade. Hoje, eu acho que toda a cidade é meio ‘abobada da enchente’. As pessoas caminham sem guarda-chuva, sem nada e, no frio, pedem ajuda e socorro”, conta Zoraia, que abandonou a casa em que mora quando a água alcançou a altura da cama. Ela, que nunca saiu de Montenegro, sente que as enchentes estão ficando cada vez mais constantes e perigosas.

 

 

 

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