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Tabu atrapalha o enfrentamento do desequilíbrio mental do policial

Especialistas explicam que uma reunião de razões levam a pessoa a tirar a própria vida, mas em algumas categorias profissionais com acesso fácil aos meios para consumar o ato — como médicos e policiais — essas ocorrências tendem a aumentar. Para a responsável por implementar o primeiro programa de prevenção ao suicídio dentro do Exército Brasileiro, a psicóloga e oficial da reserva Patrícia Maretti, é necessário quebrar o tabu do atendimento à saúde mental e falar mais sobre o tema.

“Vários fatores colaboram para que uma pessoa cometa um suicídio. Há a depressão, a ansiedade no retorno da pandemia, que ainda não sabemos como vai impactar na saúde mental. Os trabalhadores de segurança pública são uma parcela dessa população, com a diferença de que eles têm acesso a meios letais”, diz Patrícia.

Ela reconhece que policiais têm uma atividade que potencializa esses riscos. Cita como exemplo a frustração no trabalho, que vai além do aspecto salarial — mais creem que a sociedade não os valoriza. Para a psicóloga, sem ações efetivas para o atendimento à saúde mental, as pessoas seguirão adoecendo e pressionando, para cima, esses indicadores.

“Há que ter um programa efetivo, campanhas não apenas em setembro [mês em que se divulgam as medidas de prevenção] para desmitificar a psiquiatria e a psicologia, tornando-as mais acessíveis. As pessoas se matam em janeiro, em fevereiro, em março…”, lembra.

Parceria

Além da destinação de R$ 100 milhões para ações de saúde mental, o Ministério da Justiça fechou uma parceria com quatro universidades federais para garantir um atendimento mais rápido e prevenir os casos de suicídios entre policiais civis e militares. O projeto-piloto é coordenado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e conta com a participação da Universidade de Brasília (UnB), da Federal de Sergipe (UFS) e da Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que realizarão o atendimento aos profissionais de segurança nas clínicas de saúde mental.

“O profissional não quer procurar alguém dentro da sua instituição — que, eventualmente, é um superior hierárquico. E, mais do que isso, não quer o estigma. Não quer ser visto chegando ao serviço de psicologia da própria polícia”, ressalta Isabel Figueiredo, diretora do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O projeto tem previsão para começar no primeiro semestre.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 90% dos casos de atentado contra a própria vida poderiam ser evitados com atendimento especializado. A organização não governamental Centro de Valorização da Vida (CVV), por exemplo, mantém um serviço gratuito pelo telefone 188. Voluntários prestam apoio à prevenção do suicídio e o contato é em total anonimato.

 

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