Mais de 207 mil brasileiros moram no Japão. Com cultura e língua tão diferentes, a comunidade brasileira enfrenta desafios de socialização fora da bolha, ao mesmo tempo em que possui ótima qualidade de vida. É o que conta Aldemo Garcia, o cônsul-geral do Brasil em Hamamatsu, no Japão, convidado do Podcast do Correio, com apresentação de Rosana Hessel e Samuel Calado.
Dez mil brasileiros vivem em Hamamatsu, cidade costeira em Honshu, a principal ilha japonesa. Na província em que ela está localizada, Shizuoka, são 30 mil. De acordo com o cônsul, o perfil de quem vai para o país mudou nos últimos anos. “Nos anos 1990, o Japão precisava de mão de obra, então muitos brasileiros foram para lá com a ideia de juntar um pé de meia e voltar depois de três, quatro anos. Nas últimas levas (de brasileiros), percebemos que a maioria deles vai para ficar, já que a qualidade de vida é muito boa.”
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A segurança e os serviços são fatores que levam os brasileiros a ficarem definitivamente. A maioria trabalha em empresas que terceirizam funcionários para fábricas. Apesar disso, possuem um bom padrão de vida, segundo Garcia. “Eles compram apartamento, casa, têm tv plana. O salário varia de acordo com as horas trabalhadas”, afirma.
Aposentadoria? É um dilema. “Tem gente que começa a contribuir aqui, contribui lá e vice-versa… Ainda é uma questão a resolver. No Japão, eles são bem rígidos”, diz o cônsul.
Entre as questões difíceis de serem resolvidas está a barreira do idioma. Em Hamamatsu, não é problema, pois, conforme Garcia, muitas pessoas falam português. No entanto, sair da bolha é difícil para a comunidade brasileira. Há escolas que ensinam em português, inclusive certificadas pelo Ministério da Educação (MEC). Muitos pais decidem matricular os filhos nelas, devido à possibilidade de voltar para o Brasil — e eles precisarem fazer o Enem. Porém, muitos não voltam, e os filhos ficam com dificuldade de se integrarem à sociedade, pois não possuem domínio completo do japonês.
Para além das escolas, existe bastante brasilidade em Hamamatsu. Sob organização do Consulado, são realizadas festas com muito samba, axé e forró, que só podem ir até as 21h em ponto. Em 2022, Garcia elaborou dois dias de festa para comemorar o bicentenário da Independência do Brasil: 25 mil pessoas circularam pelo local.
O cônsul ainda ressaltou que os dois países negociam a concessão de vistos de trabalho aos descendentes japoneses de quarta geração (yonsei). Atualmente, podem receber o visto somente os descendentes de segunda (nissei) e terceira geração de descendência (sansei).
Ouça o podcast completo com Aldemo Garcia nas principais plataformas de áudio e/ou no canal do Youtube do Correio Braziliense.
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