Importante como Kardec expõe sobre os precursores acima e define após estudo das informações que dispunha de que: “Chegado que seja o tempo, Deus envia alguém com a missão de resumir, coordenar os elementos esparsos e formar um todo”. Na antiguidade muitos cultos religiosos eram predestinados a alguns poucos escolhidos aos quais eram ensinados algumas doutrinas secretas1. Entendia-se que nem todos tinham capacidade intelectual ou espiritual para receber os conhecimentos a serem revelados.
Os antigos gregos distinguiam três tipos de conhecimento adquirível: mathesis, ou conhecimento adquirível; gnosis, percepção meditativa ou intuitiva; e pathesis, conhecimento sofrido ou sentido.2 A base e sustentabilidade de toda doutrina tem no segredo a sua força, pois, assim o “segredo”, ou informação não dissiparia, vulgarizando o conteúdo. A rigidez exigida no juramento que o neófito fazia garantia as ordens estabelecidas e assim propagavam no tempo; como exemplo citamos a maçonaria,
sociedade secreta, existente ainda atualmente.
Não existe nenhum escrito atribuído a Jesus, e sua Doutrina é registrada pelos escritos de seus discípulos. Portanto, seus feitos e ensinamentos foram passados por aqueles que o seguiram na primeira hora e propagado posteriormente pelos quatro evangelistas, fixados no final do século II, Mateus, Marcos, Lucas e João, sendo este o único que dos quatro evangelistas que conheceu Jesus Cristo e que ouviu suas confidências e recebeu seus ensinamentos, pois era o discípulo preferido.
O cristianismo deriva não do judaísmo, mas do misticismo alexandrino, através do platonismo, do pitagorismo, do orfismo e do dionisismo. […] Alguns padres da Igreja, como Clemente de Alexandria, admitiam que, pelo menos para os gregos, a filosofia grega havia sido uma educação para o cristianismo, e que os filósofos, como Platão, eram certamente inspirados pelo Logos, na palavra de Deus.3
1 Mistérios – termo derivado da palavra grega mysterion que significa ritos particulares.
2 Enciclopédia do sobrenatural: magia, ocultismo, esoterismo, parapsicologia; organização de Richard
Cavendish; tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita – Porto Alegre: L&PM, 1993, p. 401.
3 COUR, Paul Le – O Evangelho Esotérico de São João – tradução de Frederico Ozanam Pessoa de Barros, 2a Ed., Ed. Pensamento, 1990, p. 21.
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